É um grande golpe para os republicanos nas eleições intercalares de novembro, onde o partido está à espera de uma corrida difícil que pode pôr em causa a maioria republicana na câmara dos representantes. Paul Ryan, o líder da câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos, anunciou que não será candidato à reeleição no primeiro distrito do Wisconsin onde tem sido consecutivamente eleito desde 1999.
Ontem, em conferência de imprensa, Ryan anunciou que deixará o Congresso em janeiro de 2019, quando acabar este mandato, justificando a sua decisão por motivos pessoais, alegando que não quer ser “apenas um pai de fim de semana”.
“Quero pensar que fiz a minha parte, a minha pequena parte na história para nos colocar no bom caminho”, disse Ryan aos jornalistas.
Ryan deixa o partido numa altura em que os republicanos se preparam para sofrer na pele uma campanha eleitoral dura devido ao efeito Donald Trump no eleitorado. O congressista sublinhou que deixava “a maioria em boas mãos”, com um “brilhante futuro” por diante, mas, nesta altura, serão poucos os republicanos a acreditar realmente nessa afirmação.
A saída de cena irá desatar uma corrida pela liderança da câmara dos representantes entre o líder da maioria, Kevin McCarthy, da Califórnia, e o controlador da bancada (whip) republicana, Steve Scalise, do Luisiana. Ao mesmo tempo que poderá abrir as comportas para outras desistências. Uma hora depois, o congressista Dennis Ross, republicano da Florida, anunciava também a sua vontade de não se apresentar a novo mandato.
Outro republicano que já havia anunciado a sua retirada, Charlie Dent, de Pensilvânia, comentou a situação, citado pelo “New York Times”, dizendo que “todos podemos ler nas entrelinhas”, não há nada que enganar, “não é fácil lidar com esta administração”.
Se se recandidatasse, Ryan teria de voltar a disputar a nomeação republicana com o antissemita Paul Nehlen, que tem uma grande base de apoio entre os supremacistas brancos.