Sara Danius anunciou hoje que deixa o cargo de secretária permanente da Academia Sueca, e também o seu lugar na instituição depois de uma reinião durante a qual se discutiu a grave crise que atravessa a academia devido a um escândalo de corrupção, assédio sexual e quebra de confidencialidade.
A decisão de Danius surge depois de há uma semana, três membros da Academia Sueca – uma instituição com 230 anos e que desde 1901 atribui o Prémio Nobel da Literatura – terem também renunciado às suas posições. Na altura, Klas Östergren, Kjell Espmark y Peter Englund aludiram de forma indireta a um caso que tem no centro Jean-Claude Arnault, fotógrafo e dramatutgo francês, casado com outro membro da academia, a escritora Katarina Frostenson.
Depois de uma reunião, a primeira desde a demissão dos três académicos, e que demorou o dobro do habitual, Sara Danius escusou-se a revelar se a sua saída foi na sequência de uma votação e garantiu que não se falou de um nome para a sucessão. “Não posso falar disso, é confidencial. É a vontade da Academia e aceito-a. Gostaria de ter continuado, mas há outras coisas para fazer na vida”, afirmou, citada pela agência EFE.
Devido às várias acusações, inclusive de corrupção, Katrina Frostenson deveria ter sido – mas não foi – excluída do órgão na quinta-feira passada. A confidencialidade foi também a regra invocada por Kjell Espmark quando perguntado sobre a possível exclusão da escritora da Academia. “A amizade foi colocada à frente da integridade”, afirmou na altura Espmark.
Katarina Frostenson, que é membro da Academia Sueca desde 1992 e, portanto, vota na atribuição do Prémio Nobel de Literatura, é alvo de uma série de acusações. Uma delas é a de que teria violado a regra de confidencialidade ao revelar ao marido os nomes de futuros vencedores do mais importante prémio mundial das letras.
Jean-Claude Arnault é suspeito de ter revelado antes de tempo os garadões concedidos aos também franceses J. M. G. Le Clézio em 2008 e Patrick Modiano em 2014. Arnault é ainda acusado por 18 mulheres de abusos sexuais, muitosdeles no seu centro cultural, cofinanciado pela academia, mas também em apartamentos em Estocolmo e Paris, disponibilizados também pela Academia Sueca.