Através de um comunicado feito chegar ao jornal basco Gara, a organização ETA Militar (ala militar da País Basco e Liberdade) declarou a sua dissolução um ano depois de se ter assumido como «organização desarmada».
No contexto da discussão que levou ao abandono das ações violentas, que foram executadas desde 1968 e que resultaram em 829 mortos, a organização basca «considerou necessário mostrar empatia e respeito pelo sofrimento causado», afirma a nota. Depois de assumir a sua responsabilidade no sofrimento provocado às vítimas, a ETA assume «o seu compromisso com a superação definitiva do conflito e com a sua não repetição», sublinhando «o sofrimento desmedido» provocado em Euskal Herria (a terra dos que falam basco): «ETA reconhece a responsabilidade direta que adquiriu essa dor, e deseja dizer que ela não devia ter sido produzida nunca e que não devia ter-se prolongado durante tanto tempo, pois há muito que o conflito político e histórico devia contar com uma solução democrática e justa».
Nas declarações agora proferidas, a ETA diz mesmo: «Oxalá que nada disto tivesse acontecido e que a liberdade e a paz tivessem criado raízes no País Basco há muito tempo».
No que toca aos políticos, polícias e militares assassinados, a ETA limita-se a reconhecer o sofrimento por que passaram.
Apesar do adeus às armas não houve qualquer solução negociada do conflito, depois de três tentativas de negociação entre o Estado espanhol e a organização armada. A primeira, no final dos anos 80, em Argel, com o então líder etarra Txomin Iturbe que morreu num desastre; depois no início do governo de Aznar; continuadas, com a mediação do líder abertzale Arnaldo Otegi, durante o governo de Zapatero. Nenhum deles foi levado a bom termo e Otegi chegou a ser preso.
Segundo a agência Efe, o grupo vai formalizar a sua dissolução a 5 de maio, no País Basco francês.