Vinte e cinco pessoas morreram e cerca de 60 ficaram feridas em quatro dias de grandes protestos na Nicarágua contra o governo de Daniel Ortega e, em particular, a sua proposta de cortar 5% do valor das pensões e aumentar impostos a contribuintes e empresas.
A violência concentra-se em Managua e Estelí e iniciou-se na quarta-feira. Os mortos são sobretudo manifestantes.
O governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional enviou na sexta o exército para as ruas e há relatos de que destacou também atiradores furtivos no topo do Estádio Nacional, em Managua, onde centenas de manifestantes derrubaram as Árvores da Vida, um conhecido sinal do poder dos Ortega associado à vice-presidente e mulher do líder, Rosario Murillo.
Os relatos de que exército, polícia e juventude sandinista vêm recorrendo a força letal contra os protestos, como argumentam várias organizações humanitárias e não governamentais, ficou cristalizada na noite de sábado.
O jornalista Angel Gahona foi baleado na cabeça durante a noite, à medida que cobria as manifestações em direto para o Facebook. A gravação alastrou-se rapidamente pelas redes sociais e este domingo, no começo do quinto dia de protestos, parecia já ser combustível para novas manifestações.
Ortega, por sua vez, afirma que o exército e polícia se limitam a proteger as “instituições públicas” de grupos criminosos enviados pelos Estados Unidos, que, diz também, estão a instigar à distância as manifestações contra o governo.
O presidente anunciou que está disposto a discutir as reformas na Segurança Social com os grupos de empresários, mas garante que o debate não será alargado à sociedade civil.
As Nações Unidas e Papa Francisco apelaram este domingo ao fim da violência.