O coronel António Paixão demitiu-se hoje ao final da tarde em colisão com o governo, sabe o i. Depois de uma reunião, que durou cerca de quatro horas, com o presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil e com o tenente-general Mourato Nunes, o militar bateu com a porta apontando várias razões para o seu descontentamento com várias decisões. O MAI aponta “motivos pessoais” para o pedido de exoneração.
Esta é a primeira baixa da nova direção da Proteção Civil, a pouco mais de um mês da época crítica dos incêndios. Será agora o coronel Duarte Costa a assumir as funções de comandante nacional, anunciou o MAI.
Uma das principais razões que levou à saída do ex-comandante nacional passa pela vinda de três peritos espanhóis para darem formação durante três semanas ao elenco de dirigentes da Proteção Civil na gestão de meios e combate aos incêndios. A decisão terá sido tomada e imposta pela recém-criada Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) e foi mal acolhida pelos comandantes tendo em conta que a própria Proteção Civil tem uma escola ondeos profissionais recebem formação.
De acordo com o DN, os dirigentes da Proteção Civil encararam a vinda dos peritos espanhóis como um pedido de auxílio com caráter de "emergência” que revela “um atestado de incompetência aos quadros nacionais" e "prepotência" por parte da AGIF.
Outro dos motivos passa pelas tentativas falhadas de adjudicação da gestão dos meios aéreos. O atraso na adjudicação da gestão dos aviões e helicópteros para o combate às chamas levou a que no dia 1 de maio a Proteção Civil tenha apenas, no momento, três helicópteros aptos para voar. Nesta data a entidade que gere o combate aos incêndios devia ter aos dispor vinte helicópteros e aviões. No entanto, os contratos aguardam o visto do Tribunal de Contas sem o qual não podem avançar.
Também a divulgação do relatório interno da Proteção Civil que aponta “falhas graves” no combate ao incêndio de Pedrógão Grande terá provocado tensão entre o governo e o comandante nacional.
O PSD vai entregar amanhã uma proposta para chamar ao parlamento o ex-comandante nacional António Paixão para esclarecer os motivos da sua saída.
De acordo com a nota do MAI, o coronel Tirocinado José Manuel Duarte da Costa, chefe do Estado Maior do comando das forças terrestres, foi comandante em Tancos e é responsável pelas áreas de planeamento e execução da atividade operacional da componente terrestre das Forças Armadas.
A tutela justifica ainda a escolha por ser responsável pelas soluções organizacionais dos recursos humanos, materiais e financeiros em missões militares, sejam elas ligadas ao combate e “salienta-se o planeamento das ações de emprego dos meios e capacidades do Exército no combate aos incêndios em apoio à ANPC”.