A empresa de fachada que Michael Cohen, advogado do presidente Donald Trump, usou para pagar o silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels recebeu 500 mil dólares da Columbus Nova, uma financeira de Nova Iorque cujo principal cliente é uma companhia controlada pelo oligarca russo Viktor Vekselberg.
De acordo com o “New York Times”, Michael Cohen usou a Essential Consultants para uma série de atividades empresariais que vão muito para lá do que era até agora conhecido, numa quantidade de transações que perfazem pelo menos 4,4 milhões de dólares e que mediaram entre pouco tempo depois de Trump ter sido eleito presidente até janeiro deste ano.
Um advogado da Columbus Nova já veio confirmar, ontem, em comunicado, que a transferência existiu, mas que se tratou do pagamento de um trabalho de consultoria que nada teve a ver com Vekselberg.
O multimilionário, que está entre os dez mais ricos da Rússia, com uma fortuna avaliada em 14,4 mil milhões de dólares, segundo a “Forbes”, é um amigo de longa data e sócio de Leonard Blavatnik, um dos grandes doadores do Partido Republicano dos EUA.
Segundo o “Washington Post”, Vekselberg esteve na tomada de posse de Trump o ano passado, com convites que lhe foram dados por Andrew Intrater, seu primo e presidente da Columbus Nova.
No princípio deste ano, o multimilionário russo foi interrogado num aeroporto dos Estados Unidos por agentes da equipa de Robert Mueller que investiga as interferências russas nas eleições presidenciais de 2016 nos EUA. E já em abril foi um dos empresários russos a sofrerem sanções por parte do governo norte-americano, em resposta ao envenenamento do espião britânico Sergei Skripal no Reino Unido.
As primeiras referências às transações suspeitas de Cohen foram feitas pelo advogado de Stephanie Clifford (que usa artisticamente o nome de Stormy Daniels), a atriz pornográfica a quem Michael Cohen pagou 130 mil dólares para que calasse os pormenores de um alegado encontro com Trump. O chefe de Estado já admitiu que o pagamento foi feito a seu pedido.
Michael Avenatti divulgou ontem no Twitter um documento de sete páginas intitulado “Relatório Preliminar de Descobertas”, com datas e quantidades de dinheiro envolvido de negócios de Cohen e da sua empresa.
De acordo com Avenatti, Michael Cohen poderá ter violado leis bancárias com as transações, pois parte do dinheiro que passou pela Essential Consultants não parece coincidir com a atividade legal da empresa. Cohen está atualmente a ser investigado por procuradores federais de Manhattan por alegadas fraudes bancárias e violações das leis eleitorais, entre outros possíveis crimes, de acordo com o “New York Times”.
Cohen e o presidente Trump foram processados por Stormy Daniels, que pretende romper o acordo de confidencialidade pelo qual recebeu os 130 mil dólares. Avenatti é o advogado que representa a atriz no processo.