O Senado aprovou por maioria a nomeação de Gina Haspel para o cargo de diretora da agência de espionagem CIA. Haspel será a primeira mulher a dirigir a agência. Republicanos e democratas votaram mais ou menos de acordo com o seu lugar na oposição ou no partido do poder. O resultado final foi de 54 votos a favor contra 45.
O processo de confirmação não foi tão sereno quanto a maioria republicana poderia sugerir. Haspel era até ao momento vice-diretora da CIA, mas ainda, assim é uma escolha polémica para dirigir a agência de espionagem devido à sua participação nos programas clandestinos de detenção e tortura a suspeitos terroristas no pós-11 de Setembro.
Haspel chefiou uma prisão secreta da CIA na Tailândia, onde dois reclusos sofreram a tortura do afogamento (em inglês, waterboarding). Um deles, alegadamente sob supervisão de Gina Haspel, foi alvo desta tortura dezenas de vezes. Haspel também participou na destruição de gravações deste tipo de torturas, sob ordens de um superior.
Dois republicanos votaram contra a nomeação de Haspel: Rand Paul e Jeff Flake. O senador John McCain, que passou vários anos como prisioneiro de guerra no Vietname, sob tortura, condenou também a nomeação de Haspel. McCain, contudo, está por estes dias longe do Congresso, vítima de um cancro no cérebro agressivo que o debilita ao extremo.
Os votos republicanos, contudo, mais que foram compensados pelos democratas que aprovaram a nomeação de Haspel. Nas últimas semanas, vários antigos responsáveis da CIA fizeram uma campanha mediática em seu favor, dizendo que o programa clandestino de tortura no pós-11 de Setembro foi um excessõ institucional que lhe não deve ser atribuído.
Haspel sucede a Mike Pompeo como diretora da CIA. Pompeo, por sua vez, foi escolhido por Donald Trump para suceder a Rex Tillerson no cargo de secretário de Estado.