Joana Faria, proprietária do café brunch Fauna & Flora, garante que qualquer uma das opções da ementa cria sensações que vão para além do paladar. Sofia Almeida, a fundadora da marca M&A BabyKnitwear, acredita que “a parte visual é extremamente importante, diria até essencial”. E acrescenta que, hoje, um bom serviço tem de conciliar a estética com a qualidade do artigo.
Os dois negócios, que à partida se distinguem pelos produtos que vendem, têm algo em comum: a forma como se posicionam na internet. Essa preocupação trouxe um novo foco de atenção às gestoras: não só a maneira como apresentam os seus artigos como o número de clientes que falam das suas marcas nas redes sociais.
No que diz respeito ao Instagram, a rede social que mais aposta no visual, os números não enganam. São mais de 800 milhões de utilizadores ativos a interagir mensalmente nesta comunidade. Joana Faria não tem dúvidas: é “a mais poderosa rede social de divulgação”, diz a artista e proprietária do café brunch. Já Sofia Almeida, fundadora da marca para crianças, considera que apesar de o Instagram se traduzir numa clara vantagem para o negócio, que é a de chegar a mais pessoas, “há que saber usá-lo e conhecer todos os seus segredos para tirar o melhor partido dele”.
As fotografias, que têm o poder de prender os utilizadores em poucos segundos, são a grande aposta destas (e de outros) comerciantes. Já dizia o ditado popular: uma imagem vale mais que mil palavras. No mundo digital, porém, não chega qualquer imagem: as pessoas só param para analisar um produto se algum pormenor, a luz ou as cores estiverem articulados de forma atrativa.
Joana Faria acredita que o as imagens que publicam na internet são mesmo o primeiro passo para atrair os clientes e preparar bem esse primeiro impacto visual dos produtos que querem vender faz parte do seu dia. “Os olhos também comem”, resume. A artista plástica conta que, por isso, a preocupação estética com os pratos que serve na cafetaria é uma realidade bastante visível, que nasceu na sua formação no mundo das artes.
Entre as diversas imagens que preenchem as instastories (ferramenta do Instagram para a partilha de imagens com uma validade de 24 horas) e a hashtag do café, até à data, o Fauna & Flora conta com mais de mil partilhas com a localização associada. Já a M&A BabyKnitwear tem 5653 seguidores e hashtag com o nome da marca tem mais de 200 posts.
Joana Faria relata que é habitual ter pessoas na cafetaria equipadas com material fotográfico, sinal de que os produtos cuidados já são uma imagem de marca. Há mesmo quem peça uma refeição específica apenas porque irá ficar bem no enquadramento da imagem, explica a dona do espaço, que já perdeu também a conta a quantas pessoas pediram para ficar numa determinada mesa por causa da luz ou porque alguma influenciadora digital lá esteve.
Este novo agente na divulgação dos negócios assume cada vez mais relevo e tanto Joana e Sofia consideram que são um elo de ligação bastante importante entre a marca e o cliente, por proporcionarem um destaque mais eficaz, alcançando um maior número de pessoas. São conhecidos como influenciadores utilizadores que têm muitos seguidores e que acabam por ditar as tendências. E pode ser impressionante perceber até que ponto condicionam os futuros clientes: há pessoas que chegam a pedir todos os pratos que estão na fotografia da conta de Instagram que os inspirou só para conseguirem o mesmo feedback, diz Joana Faria, admitindo que, com esta espiral, acaba por não ter de investir assim tanto tempo na divulgação.
No caso dos artigos para bebé da M&A BabyKnitwear, Sofia Almeida faz questão de trabalhar cada uma das fotografias que publica, não deixando tanto na mão dos clientes as imagens que circulam dos seus produtos. Se abordagem é diferente, há um ponto em comum: garantir que tudo não se resume apenas a um jogo de aparências e que os produtos têm qualidade, até porque se isso não acontecer facilmente podem ser denunciados nos comentários.
E haverá segredos para tornar uma conta de Instagram irresistível? Na internet, não faltam dicas, de não publicar demasiados posts a ter em conta a alguns dados estatísticos. Por exemplo não usar filtro e indicar a hashtag #nofilter parece ter algum sucesso. Há também quem procure tirar ilações das rotinas dos utilizadores para concluir por exemplo que publicações ao domingo são mais eficazes, isto de acordo com o site TrackMaven. De resto, parece haver negócios mais propícios a este mundo do que outros: fotografias de animais, viagens e comida são as que têm mais alcance nas redes sociais.
Depois de um tempo em que a questão era os empresários tirarem partido da internet, uma análise publicada este mês no site “SocialMediaToday” retratava esta tendência de os próprios artigos se adaptarem às redes sociais como a “ascensão dos produtos instagramáveis”. E dava exemplos curiosos. Um frappucino cor de rosa da Starbucks, batizado de unicórnio, conseguiu ter mais feedback do que as bebidas tradicionais da cadeia, superando 153 mil publicações. Já a Glamglow precisou apenas de criar uma máscara de brilhantes para a sua cosmética atingir todo um outro nível de viralidade.
*Texto editado por Marta F. Reis