A aliança eurocética que governará a Itália revelou esta segunda-feira o seu primeiro-ministro: será Giuseppe Conte, uma figura semidesconhecida na Itália e completamente ignorada em Bruxelas, sem grande experiência política, professor e advogado, um aliado próximo da liderança do Movimento 5 Estrelas e o ideólogo por detrás das propostas de emagrecimento burocrático defendidas pela coligação.
A decisão, que já corria no domingo pela imprensa italiana, foi anunciada ontem pelos líderes dos dois partidos da aliança, o M5S e Liga, Luigi di Maio e Matteo Salvini, em reunião com Sergio Mattarella.
Di Maio e Salvini encontraram-se esta segunda com o presidente italiano, de quem precisam ainda de uma bênção para avançar com Conte e o seu executivo de choque. Sergio Mattarella tem também que aprovar o programa apresentado na semana passada em Roma, e no qual os dois partidos propõem reatar laços com Moscovo, criar um rendimento universal para as famílias mais pobres, construir centros de detenção e deportação para centenas de milhares de imigrantes e requerentes de asilo, e, acima de tudo, confrontar as regras tácitas e explícitas da União Europeia.
Di Maio e Salvini afirmam que o governo já está formado, mas, esta segunda à noite, nada se sabia para além da escolha de Conte, que é o advogado pessoal do líder do M5S. Estima-se, todavia, que Di Maio e Salvini, que se afastaram do cargo de primeiro-ministro para facilitar o entendimento entre as duas formações, ficarão, respetivamente, com os cargos de ministro do Trabalho e ministro do Interior.
A tese dominante entre politólogos e jornalistas é a de que serão Di Maio e Salvini, e não Conte, os verdadeiros líderes do próximo governo. “Entrará sem qualquer experiência de governação e será efetivamente catapultado para o cargo sem sequer ter escolhido o governo ou o programa”, explicava esta segunda Lorenzo Codogno, politólogo italiano na London School of Economics, em declarações ao “Guardian”. “Não estou a dizer que ele é um fantoche, mas terá poderes limitados.”