O jogo da final da Liga dos Campeões atravessou o drama, repetiu-o, percorreu o bizarro, o comovente, o glorioso, de novo o bizarro – sim, é verdade – e, por fim, o previsível: o Real Madrid vence o terceiro troféu seguido, o 13.º. Bateu um Liverpool amputado de Mohamed Salah. No seu lugar, o mais visível do clube britânico, e por tragédia, estava Loris Karius.
O jogo terminou 3-1 para o Real Madrid. Para Karius, o marcador chegou ao milhão. Para um Cristiano Ronaldo sedento, o resultado parecia próximo do zero.
O Liverpool dominou praticamente toda a primeira parte. O Real passou-a trocando a bola em espaços pequenos e inofensivos. Os britânicos jogavam a campo inteiro, velozes e com intenção. Não marcaram, mas ameaçaram. E remataram. Keylor Navas evitou dois golos.
Mohamed Salah assumiu primeiro a tragédia do Liverpool. Lesionou-se inconsolavelmente e abandonou o campo aos 30 minutos. Chorava.
Não tanto, porém, quanto Dani Carvajal. O avançado egípcio não resistiu ao choque do ombro no chão, numa jogada suspeita de Sérgio Ramos. O avançado espanhol, esse, lesionou-se na coxa. Atirou-se para o chão aos 35, cabeça baixa, espasmódico.
Desde aí, o Real Madrid ficou por cima.
Os quatro golos ocorreram todos na segunda parte. A descida de Karius ao inferno, também.
O guarda-redes alemão ofereceu o primeiro golo a Benzema aos 51 minutos. Entregou-o com uma serenidade difícil de imaginar. Inaceitável, com certeza. O ponta de lança francês cortou mais a bola do que a rematou. 1-0.
Sadio Mané empatou quatro minutos depois. Era a melhor versão do Liverpool no jogo deste sábado.
A tempos despontou, mesmo depois da saída de Salah e de um golo formidável de Bale, de bicicleta, aos 64 minutos, colocando o marcador no 2-1 para o Real. Mané, por exemplo, lançou ao poste, aos 71 minutos. O clube britânico recusava-se vergar.
Karius alcançou o nono círculo do inferno aos 83 minutos.
Bale remata de longe, muito longe; demasiado longe – para que Karius não amarrasse a bola.
Escorregou-lhe das mãos, entrou na baliza, deixou-o em espantamento. Tornou-se uma assombração alemã de cabelo comprido, maravilhosamente sedoso.
Cristiano Ronaldo, aparentemente ainda não recuperado da lesão, ou, quiçá, apenas menos radiante que Bale, a seu lado, abanava as mãos no fim do jogo. O galês esteve perto de uma assistência para o português. Não aconteceu.
Na última jogada, Ronaldo tinha a bola na direita da área.
Procurava livrar-se do defesa.
Não parecia conseguir, mas os golos, pergunte-se a Karius, apanham-nos de surpresa.
Rematou quando o jogo estava já interrompido. Corria um invasor de campo para os seus braços. A celebridade de Ronaldo, no final, deu em jogo interrompido.