Pela primeira vez, todo o país tem cobertura de cuidados paliativos através do SNS. Dois anos depois da nomeação da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos, o Ministério da Saúde fez ontem um ponto de situação do alargamento desta valência destinada a pessoas com doenças incuráveis em estado avançado. A tutela assume, ainda assim, que a resposta se mantém incipiente em alguns pontos do país.
Este ano, todos os hospitais do SNS passam a ter uma equipa dedicada ao suporte de cuidados paliativos dos doentes internados, um aumento de 65% face às 26 equipas que existiam em 2015. Em termos de resposta na comunidade, entre 1996 e 2015 foram criadas 13 equipas que visitam os doentes no domicílio e nos últimos dois anos iniciaram atividade mais sete. Quanto a camas de cuidados paliativos em unidades integradas na rede de cuidados continuados, a variação não é tão significativa: em 2015 havia 362 vagas e atualmente são 376. O ministério adianta que em junho abrirá uma nova unidade de cuidados paliativos no Hospital de São João, no Porto, com 11 vagas para doentes complexos, e está em estudo a criação de uma unidade no Hospital de Alcobaça.
A discussão em torno da despenalização da eutanásia, ontem recusada no parlamento, trouxe para a esfera pública a preocupação com o facto de os cuidados paliativos não abrangerem ainda a maioria dos doentes que poderiam beneficiar deste apoio no final da vida, muitos porque não são sequer encaminhados, outros porque o tempo de espera não é compatível com o seu estado de saúde. Estima–se que 71 mil a 85 mil doentes poderiam beneficiar todos os anos deste tipo de cuidados. Em 2017, eles terão chegado apenas a 12 mil pessoas.