Professores de matemática “chumbam” reforma curricular

Sociedade Portuguesa de Matemática emitiu hoje um parecer à proposta do Ministério da Educação para reduzir os conteúdos das disciplinas às aprendizagens essenciais. Entre erros de sintaxe, casos de dupla grafia, recurso a uma sucessão de copy-pastes e inspiração em obras de autor sem qualquer referência no documento apresentado pelo Ministério da Educação, os professores de…

Um semana depois do “chumbo” do Conselho de Escolas, são agora os professores de matemática que arrasam com a proposta desenhada pelo Ministério da Educação que reduz os conteúdos das disciplinas às aprendizagens essenciais, apontando “graves deficiências científicas e pedagógicas”.

Este é um dos documentos que vai servir de base à reforma curricular, a chamada flexibilização curricular, que avançou este ano através de um projeto-piloto.  

A Sociedade Portuguesa de Matemática tece duras críticas aos documentos – cuja consulta pública termina hoje – e considera que as medidas desenhadas pela tutela representam “um enorme retrocesso” e que geram “extrema preocupação”, lê-se no parecer enviado hoje ao ministro da Educação e à Direção Geral da Educação.

Isto porque, lê-se ainda no parecer da SPM presidida por Jorge Buescu, as medidas têm “inúmeras contradições” que resultam da “desarticulação de matérias entre os três ciclos de escolaridade” e que “provocará uma inevitável desorientação dos docentes” que terão de dar aulas a “interpretar e complementar as múltiplas afirmações vagas e incoerentes”. Até agora, frisam os docentes de matemática, estão em vigor “orientações curriculares claras e rigorosas”.

Por tudo isto, considera a SPM, o documento do Ministério da Educação “é inutilizável como base para orientação curricular”.

Mas as critícas não se ficam por aqui. Também os aspetos formais da proposta do ME são alvo de críticas violentas. “Todo o documento evidencia um lamentável grau de amadorismo” sublinha a SPM que diz que o texto foi elaborado “com recurso a uma sucessão de copy-pastes descuidados e apresentando erros de sintaxe e casos de dupla grafia”, havendo capítulos com Acordo Ortográfico e outros e sem.

Além disso, os professores de matemática dizem ainda que este é “em décadas” o “primeiro documento curricular apresentado pelo Ministério da Educação que não é assinado”, traduzindo a “inexistência de qualquer coordenador ou equipa que assuma a responsabilidade” do seu conteúdo. Facto que a SPM considera ser “muito sintomático”.

Outra das críticas passa pela “óbvia inspiração em obras de autor já publicadas” sendo o documento “omisso” a qualquer referência às mesmas.