Um dos temas mais quentes da primeira semana de Roland Garros foi o regresso de Serena Williams aos torneios do Grand Slam.
A última vez foi em janeiro de 2017 e ganhou o Open da Austrália, apesar de estar grávida da sua filha Alexis.
Não foi um título qualquer, foi o 23.º Major da sua carreira, um recorde na Era Open.
Mas depois de desaparecer do ranking mundial, a campeoníssima regressou em março deste ano e somou dois encontros ganhos e outros tantos perdidos.
Em Roland Garros joga como 451.ª classificada do ranking mundial.
Com esta cotação nem entraria na qualificação, mas as regras permitem que jogadoras ausentes mais de seis meses por lesão ou gravidez beneficiem temporariamente de um ranking protegido. Como ela era a n.º 1 quando deixou de jogar, recuperou essa classificação.
No entanto, esse n.º 1 só lhe é atribuído para entrar diretamente nos quadros principais dos torneios. Não serve para o estabelecimento de cabeças de série. Por isso a norte-americana de 36 anos não foi uma das 32 pré-designadas.
Levantou-se um coro de protestos e embora seja preciso sublinhar que a própria Serena nunca solicitou ser cabeça de série, ao jornalista Christopher Clarey defendeu que a regra deveria ser alterada:
«Uma mulher deveria ter a opção de engravidar, dar à luz e ainda assim ter uma carreira no ténis como em qualquer outro trabalho».
O jornalista do New York Times perguntou-lhe se para isso era preciso que o ranking protegido se refletisse em cabeça de série protegida e ela foi taxativa: «Acho que sim».
Estas declarações referiram-se à situação de Victoria Azarenka, outra antiga n.º 1 mundial que regressou em 2017 ao circuito, após ter sido mãe pela primeira vez. Williams não defendeu a mudança de regra para ela própria mas para todas.
Mas Azarenka, que pertence ao Conselho de Jogadoras do Circuito WTA (Associação das Tenistas Profissionais), é muito mais cautelosa:
«É muito fácil dizer que as regras estão mal feitas porque a Serena Williams não é cabeça de série em Roland Garros. Mas é um tema complexo, estamos a trabalhar nele e precisamos de tempo para produzirmos a melhor legislação».
A verdade é que embora seja politicamente incorreto, há muitas jogadoras contra a alteração da regra, mesmo para a melhor tenista de todos os tempos.
Entretanto, o torneio de Wimbledon, o único que se reserva o direito de não seguir à risca o ranking mundial na atribuição de cabeças de série, está pronto a virar tudo do avesso e a dar uma cotação entre as 32 primeiras a Serena Williams. A polémica vai continuar.