629 migrantes que tinham sido rejeitados por Itália e Malta foram acolhidos por Espanha. Segundo o jornal El País, a decisão foi anunciada através de uma nota emitida pela Presidência.
A entrada do navio no porto de Valência foi autorizada esta segunda-feira. "É nossa obrigação ajudar a evitar uma catástrofe humanitária e oferecer um porto seguro a estas pessoas", afirmou Pedro Sanchéz.
O navio Aquarius transportava 400 pessoas que tinham sido resgatadas pela marinha italiana, bem como 229 migrantes salvos pela ONG francesa SOS Mediterranee. No entanto, o navio continuava a navegar pelo Mar Mediterrâneo, depois de o seu embarque ter sido rejeitado por Itália e Malta.
"Salvar vidas é um dever, transformar Itália num enorme campo de refugiados, não", escreveu no Twitter o ministro do Interior italiano e líder do partido nacionalista xenófobo Liga, Matteo Salvini.
Um membro dos Médicos Sem Fronteiras já tinha afirmado que não havia condições para os migrantes continuarem em alto mar: "Temos água e comida para todos, mas só para hoje, porque já não vai ser suficiente para amanhã" (terça-feira), disse o médico norte-americano, David Beversluis, entrevistado pela agência EFE.
A decisão do novo executivo italiano, liderado por Giuseppe Conte, mas na prática por Matteo Salvini, da Lega Nord, e Luigi Di Maio, do Movimento 5 Estrelas, que sustentam o executivo, está a ser encarada como o primeiro sinal político de que o novo governo não vai aceitar a imigração. Ontem, Salvini, que também é ministro do Interior, anunciou que os portos italianos não iriam permitir a atracagem no navio Aquarius, ao mesmo tempo que anunciava ter enviado uma carta ao governo maltês a pedir que recebesse os refugiados e migrantes.
No entanto, a posição do governo italiano parece não reunir consensos no país. Vários presidentes de câmara, entre os quais Leoluca Orlando, de Palermo, opuseram-se à decisão e anunciaram estar disponíveis para receber o navio. "Palermo, em grego antigo, quer dizer 'porto completo'. Sempre demos as boas-vindas a barcos de salvamento e embarcações que salvem vidas no mar. Não iremos parar agora. Salvini está a violar a lei internacional. Uma vez mais, mostrou que estamos sob um governo de extrema-direita", explicou Orlando em declarações ao jornal britânico "Guardian".
Na sequência da carta, o governo maltês recusou quaisquer responsabilidades e afirmou não estar disponível para ajudar o navio, deixando-o numa situação de incerteza no Mediterrâneo. "Malta não é a autoridade competente nem coordenadora neste caso. Malta vai cumprir as leis prevalecentes", afirmou um porta-voz do executivo maltês à AFP.