A Procuradoria-geral de Nova Iorque entrou com um processo em tribunal contra o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusando-o de usar a sua fundação como um «livro de cheques» para ajudar as atividades da sua campanha presidencial.
A procuradora-geral, Barbara Underwood, considera que o agora chefe de Estado e três dos seus filhos utilizaram a Fundação Trump como «livro de cheques» ao serviço da corrida presidencial de 2016. A Fundação «era pouco mais que um livro de cheques para pagamentos do senhor Trump ou dos seus negócios a organizações sem fins lucrativos, independentemente da sua finalidade ou legalidade», diz Underwood.
A procuradora-geral acusou o Presidente e três dos seus filhos, de se envolver numa «alargada coordenação política ilegal» para beneficiar as ambições presidenciais do magnata. O processo deu entrada na quinta-feira no Supremo Tribunal de Manhattan, no estado de Nova Iorque. A investigação, que durou cerca de 21 meses, começou ainda durante o mandato do anterior procurador-geral, Eric Schneiderman, que se demitiu em maio na sequência de acusações de abuso sexual de quatro mulheres.
Entre as transações sob investigação encontra-se a compra de um retrato de Trump pela sua fundação num evento de caridade organizado pela Fundação Unicorn Children, por dez mil dólares (8536 euros). O quadro acabou a decorar uma das paredes do seu resort de Mar-a-Lago, perto de Miami, segundo o Washington Post.
A procuradora-geral quer que Trump pague 2,8 milhões de dólares de indemnização ao Estado, que aceda a cumprir um período de nojo de dez anos para exercício da direção da fundação. Para os filhos, a acusação pede um ano de nojo para cada um.
A reação de Trump a todo o caso não se fez esperar e, utilizando o seu canal de comunicação favorito, o Twitter, respondeu à procuradora-geral. «Os desprezíveis democratas de Nova Iorque e o seu agora desgraçado (e fugido da cidade) A.G. Eric Schneiderman estão a fazer tudo o que podem para me processar sobre uma fundação que arrecadou 18.800.000 dólares e que doou mais dinheiro do que recebeu, 19.200.000 dólares», escreveu Trump na rede social. «Não vou chegar a acordo neste caso!», garantiu.
«Schneiderman, que dirigiu a campanha de Clinton em Nova Iorque, nunca teve a coragem de avançar com este caso, que esteve em suspenso no seu gabinete dois anos», escreveu Trump, acrescentando que agora que se demitiu os seus «discípulos» avançam.
A Fundação Trump classificou o processo como «a política no seu pior», garantindo que a instituição gastou mais dinheiro em caridade do que recebeu. E acusou a Procuradoria-Geral de Nova Iorque de fazer reféns 1,7 milhões de dólares da fundação.