Crescimento diminui de ritmo

A economia portuguesa cresce a um ritmo mais baixo e são as exportações que continuam a manter a dinâmica. Mas são vários os riscos para este crescimento, entre eles a guerra comercial mundial que se está a preparar.

De acordo com o Boletim Económico de junho de 2018 do Banco de  Portugal (BdP)  deverá continuar a crescer até 2020, mas abaixo dos últimos anos. Depois de ter crescido 2,7% no ano passado, a previsão é que o Produto Interno Bruto (PIB) aumente 2,3% este ano, 1,9% no próximo e 1,7% em 2020.

O enquadramento económico e financeiro e favorável para este crescimento, mas há  riscos e trabalho de casa a fazer para mitigar estes riscos. E segundo o BdP " o atual momento cíclico deve ser aproveitado para tornar a economia mais resiliente a choques adversos".

Para tal, defende a instituição liderada por Carlos Costa, é fundamental prosseguir a redução da dívida, pública e privada; direcionar o investimento para os setores mais produtivos da economia, através do aumento dos níveis de capital e incorporação tecnológica; aumentar os níveis de qualificação dos trabalhadores portugueses e diminuir a elevada prevalência do desemprego de muito longa duração.

Um dos aspetos salientados pelo BdP como choque adverso é o impacto sobre a economia portuguesa de uma guerra comercial. Num cenário de guerra comercial limitada – em que o país responde a tarifas impostas por outro com tarifas sobre este – em três anos haveria uma diminuição do PIB de perto de 0,6%.

Num cenário de guerra comercial total – na qual todos os países impõe taxas alfandegárias e respondem com medidas semelhantes a todos os outros – a redução do PIB num triénios seria de mais de 2,5%.

Segundo o BdP, a probabilidade de ocorrência é mais elevada para o primeiro cenário e “relativamente reduzida para o cenário de guerra generalizada”, mas ainda assim, “os resultados apontam para um risco significativo em baixa para as perspetivas globais, com impacto bastante negativo sobre a economia portuguesa, dado que o crescimento tem assentado, em larga medida, no dinamismo das exportações”.

Os dados do BdP apontam para que a a”xpansão da atividade entre 2018 e 2020 deverá assentar no dinamismo das exportações e do investimento – revistos em baixa relativamente às projeções de março – e no crescimento moderado do consumo privado – que foi revisto ligeiramente em alta”.

Assim, depois de “terem aumentado 7,8% em 2017, as exportações de bens e serviços deverão crescer 5,5% em 2018, 4,6% em 2019 e 4,3% em 2020, refletindo uma desaceleração da procura externa dirigida à economia portuguesa e ganhos de quota de mercado progressivamente menores”.

Já em relação à formação bruta de capital fixo (FBCF), que aumentou 9,1% em 2017, “são estimados crescimentos anuais de 5,8%, 5,5% e 5,4% até 2020” com a previsão que “o investimento empresarial recupere o nível pré-crise no final de 2019”.