Rafael Nadal viveu um jejum de Majors entre os seus títulos de Roland Garros em 2014 e 2017, mas no último ano venceu três: Roland Garros 2017 e 2018 e o US Open 2017.
Houve trabalho mental para recuperar a lendária confiança e sacrifício para sanar lesões e recuperar a condição física digna do ‘Touro de Manacor’.
Mas esforçou-se também para reaver a temível direita e preocupou-se em melhorar o arsenal técnico-tático em três domínios: a esquerda e o serviço em 2017 e a resposta em 2018.
Chris Evert, recordista de sete títulos em Roland Garros, disse que a ‘Chrissie’ campeã em 1986 «teria dado 6-0 e 6-0 à versão de 1974».
O Rafa que elevou pela 11.ª vez a Taça dos Mosqueteiros arrasaria também o Nadal de 2005.
No Open da Austrália de 2017 surgiu com uma esquerda mais variada e agressiva.
Dantes, chegava tarde, batia-a em ‘open stance’, mais cruzada, muitas vezes chapada e para o meio do campo.
Naquele Major em que só perdeu na final com Federer, bateu mais em ‘close stance’ e em top-spin, para fora do court.
No US Open do ano passado, Rafa jogou 44% das suas esquerdas paralelas e 27% delas foram em slice. E quando cruzou a esquerda, 46% das vezes a bola viajou a mais de 130 Km/h. Números apresentados pelo treinador de Serena Williams, Patrick Mouratoglou, com recurso ao Olho de Falcão.
De acordo com o ATP World Tour, Rafa terminou 2017 como o jogador que mais pontos ganhou no segundo serviço: 61,5%. Em 2016 fora 54%.
Isso foi conseguido pela variação da colocação, tornando-se mais imprevisível. Sobretudo quando serve no lado das vantagens nulas.
Dantes servia quase sempre para a esquerda do adversário. Em 2016, em Masters 1000, só serviu quatro vezes (!) para a direita do adversário e 59 vezes ao corpo. Em 2017 visou o corpo em 124 ocasiões e a direita em 86 vezes. Mesmo assim, ainda privilegiou o seu ponto forte, o segundo serviço para a esquerda do adversário (167).
Vejamos agora a resposta ao serviço. Em Roland Garros Rafa quebrou 45 vezes o serviço aos adversários em 2017 e 41 em 2018, é brutal!
O Olho de Falcão mostra que em média colocava-se atrás da linha de fundo para responder aos serviços dos adversários 3,24 metros em 2015, 4,29 metros em 2017 e 4,57 metros em 2018.
Mas responder atrás não é defensivo? Não quando se tem pujança física para responder em 53% com a pancada de direita, com uma velocidade média de 126 Km/h e um top-spin de 2.936 rotações por minuto.
Dessa forma, ele coloca o adversário na defensiva tanto quando serve como quando responde ao serviço. É uma pressão total.