Mais de 89 milhões de mexicanos estão inscritos nos cadernos eleitorais para votar este domingo na escolha do próximo Presidente, dos governadores e dos deputados. Uma corrida marcada pela violência e pelos discursos contra a corrupção, que se tornou endémica no país. E apesar de todos os candidatos terem uma palavra a dizer em relação ao seu combate a verdade é que nenhum dos três favoritos declarou um peso que fosse das contribuições que receberam e de onde vieram. Quando questionados, todos eles disseram que fizeram campanha quase exclusivamente com o dinheiro dos seus partidos, algo que deixou as agências contra a corrupção de pé atrás.
Seja como for, cansados da corrupção e da violência generalizada no país (mais de 130 candidatos foram assassinados nesta campanha, e já houve mais de 30 mil homicídios em termos gerais este ano, o mais sangrento desde que começaram os registos em 1998), os mexicanos preparam-se para optar por Andrés Manuel López Obrador, um populista de esquerda que já foi derrotado por duas vezes nas eleições presidenciais. Na primeira, em que perdeu para Vicente Fox, reclamou fraude, assumiu-se como vencedor, chegou mesmo a encenar uma tomada de posse paralela e os seus apoiantes ocuparam as ruas com acampamentos improvisados.
Com o Governo de Enrique Peña Nieto em níveis históricos de impopularidade – algo que o candidato apoiado pelo PRI, José Antonio Meade, que foi ministro de várias pastas e só deixou o executivo para se lançar na corrida, sofre na pele ao não descolar do terceiro lugar – devido a suspeitas de corrupção, López Obrador sai beneficiado por continuar a manter uma imagem de outsider. Até porque se é certo que tem o discurso mais audível para o combate à corrupção (incluindo pedir ajuda a organizações internacionais), não se alarga muito na forma como o vai fazer. Ainda na quarta-feira deixou uma frase curta que soa bem, mas parece mais uma esperança: «O país ficará limpo». A escutá-lo estavam 87 mil pessoas no estádio Azteca.
Nas últimas sondagens, López Obrador (ou AMLO como é popularmente conhecido) surgia com mais de 20% de avanço em relação a Ricardo Anaya Cortés, do PAN, e Meade. Aos seus apoiantes e ao resto do país prometeu que «será uma transformação ordeira, pacífica, mas profunda» e aos seus críticos respondeu que nunca será um «ditador».