O Reino Unido anunciou, esta terça-feira, que vai proibir as terapias de conversão sexual. Esta medida faz parte de um novo plano de ação de defesa dos direitos LGBT, que vai contar com um orçamento de 4,5 milhões de libras. Entretanto, surge a dúvida: o que é a terapia de conversão sexual?
Este tipo de terapia surgiu no século XX, quando a Associação Americana de Psiquiatria ainda considerava a homossexualidade uma doença mental.
Segundo o Centro dos Estados Unidos para o Direito das Lésbicas, este tipo de terapia consiste num conjunto de práticas que são “consideradas perigosas,sem a menor credibilidade”, com o objetivo de mudar a orientação sexual ou a identidade de género de alguém, normalmente jovens menores. Estas terapias são feitas por profissionais de saúde mental – que podem ou não ter licenças para exercerem – e líderes religiosos, que dizem ao ‘paciente’ ter uma solução e acreditam que vão fazê-los “voltar à heterossexualidade”. Segundo este centro, este tipo de terapia já terá levado vários jovens à morte.
Um dos jovens que foi submetido a este tipo de terapia contou ao The New York Times como foi a sua experiência. O jovem diz que se tratou de um processo de mais de dois anos e que foi submetido a sessões com um psiquiatra, que lhe dizia que a comunidade rejeitava a sua sexualidade, que era considerado uma abominação porque era a única pessoa gay no mundo e que era inevitável não apanhar doenças sexualmente transmissíveis.
O jovem foi também submetido a terapia física, com descargas de eletricidade e gelo ou calor muito intenso, enquanto via imagens de duas pessoas do mesmo sexo a praticar atos sexuais ou a dar as mãos, de forma a associar a dor que lhe era provocada às imagens.
A vítima terá dito que este procedimento tinha resultado para conseguir escapar da instituição. Após ter sido dada a permissão de saída, o rapaz diz que a sua saúde mental ficou bastante fragilizada.
A direção da Sociedade Portuguesa de Sexologia disse em 2009, em comunicado, que “os estudos realizados em diversos campos (…) revelam que qualquer associação da homossexualidade com patologia é desprovida de sentido e desde 1973 que a Associação Americana de Psiquiatria, reconhecendo esta evidência, a retirou da sua lista de doenças mentais e passou a condenar explicitamente qualquer tentativa daquilo a que alguns chamam reorientação ou reconversão”. No comunicado pode ler-se ainda que “não faz sentido que técnicos de saúde mental usem para tratar a orientação sexual técnicas e procedimentos terapêuticos que visam melhorar a vida das pessoas e não servir convicções pessoais de cariz moral”.
Um estudo realizado pelo governo britânico mostra que cerca de 2600 pessoas foram submetidas a este tipo de procedimentos.
O Reino Unido junta-se a Malta na lista de países que condena a prática da terapia de conversão. No comunicado do governo do Reino Unido, Theresa May acrescenta: "Consideraremos todas as opções legislativas e não legislativas para proibir a promoção ou a oferta de terapias de conversão (…)ninguém deve esconder quem é ou quem ama”.