“Estamos em presença de duas tendências contraditórias: a economia europeia está a desacelerar, mais do que se previa, as exportações portuguesas de bens recuperaram em abril da forte desaceleração do primeiro trimestre. Por isso, vamos precisar de analisar os dados dos próximos meses para verificar qual dos efeitos dominará”, lê-se na nota de conjuntura de junho elaborada pelo Gabinete de Estudos do FpC.
O documento diz que no primeiro trimestre de 2018 o Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou desacelerou de 2,4% para 2,1%, “em larga medida devido a uma forte desaceleração das exportações, mais forte no caso dos bens, cujo crescimento passou de 10,1% no final de 2017, para 2,9%” no primeiro trimestre de 2018.
Os especialistas salientam a desaceleração generalizada – 29 dos 35 setores salientando que “em vinte destes setores houve mesmo uma queda nos montantes exportados” com a exceção “importante da exportação de automóveis, que acelerou de 17,2% para 36,1%”.
Já os “valores acumulados até abril foram mais favoráveis, com um crescimento de 6,4%, mas ainda em desaceleração face a 2017”, realçando o FpC que o “mais notável é que a recuperação de abril se registou em todos os setores” exceto três.
Até abril o saldo das balanças corrente e de capital foi negativo em 290 milhões de euros, o que contrasta com o excedente de 267 milhões do período homólogo de 2017. Para a evolução contribuíram “todas as componentes, exceto a balança de serviços” – viagens e turismo – em “constante melhoria”, refere a nota, acrescentando que no segundo trimestre este saldo deve “ficar mais negativo, para depois se equilibrar no segundo semestre, em linha com a forte sazonalidade deste indicador”.
Ao mesmo tempo, lembra a nota de conjuntura, a economia da zona euro está a desacelerar e deverá continuar a tendência nos próximos anos. O Banco Central Europeu, no Boletim Económico de julho, aponta que esta desaceleração é fruto de fatores cíclicos, mas também temporários. No entanto, diz o FPC “alguns destes fatores ‘temporários’ poderão não o ser verdadeiramente” destacando a “incerteza sobre a guerra comercial em curso e o aumento de volatilidade dos mercados, em particular devido a Itália”.
Na nota de conjuntura de maio, o Fórum para a Competitividade debruça-se também sobre o tema da poupança. No primeiro trimestre do ano “a taxa de poupança das famílias caiu de 5,3% para 5,1%” um valor muito “próximo de mínimo de 4,6%” do terceiro trimestre de 2017 e “muito longe do máximo de 12%, verificado em 2002”.
Segundo os autores da nota de conjuntura, a “baixa poupança constitui um travão a um aumento mais substancial do investimento” uma “peça essencial de um crescimento do PIB e da produtividade mais intensos”.