A estagnação dos salários está num nível sem precedentes mesmo com o crescimento económico e os níveis de desemprego a atingirem valores semelhantes à época pré-crise, alerta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A conclusão faz parte do relatório “Perspetivas de Emprego” e indica que os países mais afetados pela crise são os que apresentam uma maior estagnação salarial. Também os trabalhadores precários que passaram por situações de desemprego e os funcionários com salários mais baixos são os mais atingidos.
“Esta tendência de estagnação salarial perante um aumento no emprego destaca as mudanças estruturais que ocorreram nas nossas economias, e que a crise global se aprofundou, e sublinha a necessidade urgente dos países ajudarem os trabalhadores, especialmente os menos qualificados”, disse Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE na apresentação do relatório.
Os dados indicam que a taxa de emprego entre os 15 e os 74 anos atingiu, na média dos países da OCDE, os 61,7% no final de 2017. Ou seja, pela primeira vez há mais empregos do que havia antes da crise. E a perspetiva é de melhoria: “a taxa de emprego deverá chegar aos 62,1% este ano e 62,5% no quarto trimestre de 2019”.
Porém, “a menos que os países quebrem este ciclo, a recuperação vai ser prejudicada e aumentará a desigualdade do mercado de trabalho”, pode ler-se ainda no documento. “O crescimento dos salários permanece substancialmente mais baixo do que antes da crise financeira. No final de 2017, o crescimento dos salários nominais na OCDE era apenas metade do que era dez anos antes", acrescenta.
No que toca à pobreza entre a classe trabalhadora, a percentagem subiu em 2015, atingindo os 10,6%. Na década anterior o valor rondava os 9,6%.