Os educadores e auxiliares, mais do que pais, são como avós

Numa escola, mais importante do que as instalações, o material ou as atividades, é quem lá trabalha

Mais um ano letivo está a acabar. Enquanto os alunos mais velhos já estão de férias, os mais novos ainda têm pela frente algumas semanas no jardim-de-infância e há muitos colégios que nem fecham em Agosto. Para quem está com as crianças, até nisso a dedicação é quase total.

Quando chega a difícil hora de os nossos filhos deixarem o ninho, são os educadores e auxiliares que os recebem. Acolhem-nos no seu abraço e no seu colo quando chegam lavados em lágrimas e tentam confortá-los na partida dos pais para o emprego. Nos primeiros dias e em algumas alturas do ano têm a ingrata sorte de receberem crianças tristes e zangadas que se pudessem fugiam dali a sete pés e são poucos os meninos felizes a correrem para os seus braços.

Os laços que os educadores e auxiliares criam com as crianças são muito especiais; mas os que se desenvolvem com os pais não o são menos.

Além de terem um papel quase maternal com os nossos filhos, muitas vezes também esse cuidado connosco. São pais e mães duas vezes, são avós. Cuidam dos mais novos sem se esquecerem dos mais velhos e entre o calor, a experiência e a sabedoria há lugar para todos.

Lembro-me bem de como foi difícil a ida do meu primeiro filho para a escola. E a do segundo. E a do terceiro… E como já temo a do quarto. É o dia em que os filhos deixam de ser só nossos e da família para começarem a pertencer também ao mundo dos outros: dos educadores, dos auxiliares, da senhora da cozinha, dos amigos, dos pais dos amigos… E essa mudança pode ser penosa. Mas não a fazemos sozinhos. Geralmente a empatia e o apoio de quem está do outro lado são essenciais, não só na despedida mas em todas as alturas em que precisamos deles e também naquelas em que eles próprios, atentos, sabem que podem ajudar.

D e resto, não é só o início que custa. Lembro-me também claramente, e jamais esquecerei, como foi difícil a despedida de uma auxiliar de um dos meus filhos quando mudámos de casa. A proximidade e a tristeza que sentíamos eram tantas que tivemos de nos despedir rapidamente para também nós não ficarmos como os nossos filhos nos primeiros dias de escola.

Estas pessoas que fazem parte essencial do crescimento dos mais novos, recebem-nos com carinho, cativam-nos, passam a amá-los, educá-los, ensiná-los, a brincar com eles, ajudam-nos a crescer e crescem ao seu lado, acabando por senti-los também como seus. Sabemos que são bons e que confiamos neles quando saímos da escola tranquilos e nos sentimos seguros depois de lhes entregamos aquilo que temos de mais precioso e mais frágil.

Sem dúvida que numa escola, mais importante do que as instalações, o material ou as atividades é quem lá trabalha. Principalmente quem está diretamente com as crianças. Porque elas crescem e aprendem, não só intelectualmente, mas a amar, a relacionarem-se, a serem felizes e melhores pessoas, sobretudo na relação. E ao contrário de tudo o resto esta sim, fará toda a diferença não só agora em pequenos mas ao longo das suas desafiadoras vidas.