Depois da denúncia da falta de segurança por parte das Urgências de São José, vários profissionais de saúde apresentaram a carta de demissão à administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC). Às demissões do São José, juntam-se a Maternidade Alfredo da Costa (MAC). No entanto, a administração do CHLC garante, em entrevista à Lusa, que a população pode continuar a dirigir-se tranquilamente a estas unidades de saúde, destacando o esforço de todos os profissionais que mantém o funcionamento de serviços.
Esta quarta-feira, a Lusa divulgou a carta de demissão de chefes de equipa de urgência da MAC, que denunciam as condições de trabalho que levam os profissionais à “exaustão” e a falta de recursos humanos. "Já alertámos várias vezes para a exaustão dos profissionais, que se agravará com o período de férias que se aproxima", pode ler-se na carta. Segundo o documento, o número de horas extra excede "há vários meses" o que está previsto por lei; estes profissionais de saúde referem ainda que os enfermeiros encontram-se em situação semelhante.
A presidente do CHLC, Ana Escoval, reagiu esta tarde às demissões, admitindo que existe uma falta de recursos humanos: "Não houve um investimento na substituição de pessoas durante algum tempo, houve anos em que praticamente não entraram recursos humanos e saíram muitos”, disse à Lusa.
Quanto ao Hospital de São José, 16 chefes de equipa das urgências terão pedido a sua demissão devido à falta de condições de segurança. A presidente do CHLC garante que é seguro recorrer ao São José, mas reconhece alguns problemas que foram identificados pelos profissionais. "Quero que todos os que aqui se dirijam [ao Centro Hospitalar] venham tranquilos. Os profissionais chamam-nos a atenção para as dificuldades que sentem, mas estão lá todos. É preciso passar esta mensagem de tranquilidade à população", explicou esta quarta-feira a responsável.
Face a esta crise, Ana Escoval diz que neste momento “a nossa grande preocupação, o nosso trabalho, tem sido tentar rejuvenescer os recursos humanos”. No entanto, a presidente sublinha a “dedicação, capacidade de resiliência e capacidade de resposta clínica de alto gabarito”.
A Ordem dos Médicos já reagiu à crise do CHLC. Segundo o presidente do conselho regional do Sul da Ordem, Alexandre Valentim Lourenço, a escassez de pessoal vem demonstrar a incapacidade de as unidades "poderem responder às necessidades dos doentes”. "Espero que a administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central cumpra as suas funções e resolva rapidamente os problemas", disse à Lusa. No entanto, o presidente afirma que a situação das demissões na MAC "está controlada e ultrapassada".