Nos últimos sete torneios do Grand Slam houve sete campeãs diferentes: em 2017, Serena Williams no Open da Austrália, Jelena Ostapenko em Roland Garros, Garbiñe Muguruza em Wimbledon, Sloane Stephens no US Open, e este ano, Caroline Wozniacki em Melbourne e Simona Halep em Paris.
Na final feminina de Wimbledon de hoje Angelique Kerber poderá tornar-se na oitava vencedora distinta em oito Majors se conquistar o seu terceiro troféu do Grand Slam e juntar o mais famoso de todos os títulos aos que arrecadou na Austrália e nos Estados Unidos em 2016.
Mas, curiosamente, esta série de partilha perfeita do poder no ténis feminino poderá ser travada por quem a iniciou… Serena Williams.
É impressionante que a dois meses de completar 37 anos a norte-americana esteja de novo nesta posição, depois de ter ganho o seu 23.º Major em fevereiro de 2017 quando já estava grávida, parando de seguida toda a sua atividade até março de 2018 para ser mãe.
Na história do ténis profissional só houve três jogadoras a vencerem títulos de singulares do Grand Slam depois de terem sido mães: Margaret Court (3 dos seus 24 Majors), Evonne Goolagong (2 de 7) e Kim Clijsters (3 de 4).
Mas Serena – que derrotou Kerber na final de Wimbledon de 2016 – poderá fazê-lo menos de um ano depois de ter dado à luz Alexis Olympia, um parto extremamente moroso, que implicou o uso de fórceps, o recurso a cesariana, e que progrediu negativamente com uma infeção da costura e uma embolia com um coágulo sanguíneo a viajar de uma perna aos pulmões, colocando a sua vida em perigo.
«Submeti-me a quatro operações», contou ela anteontem. Estamos a falar de uma jogadora que já tinha estado ‘no leito de morte’ com outra embolia e hemorragias antes de regressar à competição em 2011; de uma mulher que teve de superar uma irmã assassinada num tiroteio; de uma menina que treinava protegida por gangues armados num gueto pobre e violento de Los Angeles.
Se hoje vencer em Wimbledon pela oitava vez, somará o seu 24.º Major e igualará o recorde absoluto de Margaret Court e ninguém duvidará de que é a melhor tenista de todos os tempos.
Mas será uma vitória com um sabor muito diferente das anteriores, pelo esforço completamente distinto que fez para recuperar a competitividade, desde deixar de amamentar, a conciliar as necessidades da filha recém-nascida com as exigências do treino de alto rendimento.
Em Roland Garros publicou este tweet: «A todas as mães que viveram uma recuperação difícil depois da gravidez, força. Se eu posso fazê-lo, vocês também».