A União Europeia (UE) e o Japão assinaram esta terça-feira um acordo de comércio livre sem precedentes. O acordo, que promete eliminar 99% das taxas alfandegárias, que custam por ano quase mil milhões de euros – o volume total de comércio de bens e serviços entre a UE e o Japão é de 88 mil milhões de euros por ano –, cria um dos maiores blocos comerciais do mundo. Segundo a Comissão Europeia (CE), o ‘Acordo de Parceria Económica – APE’ UE-Japão é o maior acordo alguma vez negociado pela UE e vai criar uma zona de comércio livre que abrange 600 milhões de pessoas e quase um terço da economia global, uma vez que os dois parceiros representam 40% do comércio global e 30% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk diz que a assinatura é uma “mensagem clara” contra o protecionismo e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, afirmou que assim se “mostra ao mundo a vontade política inquebrável da UE e do Japão de liderarem o mundo como defensores do comércio livre numa altura em que o protecionismo prolifera”.
O APE elimina cerca de 99% das taxas sobre produtos japoneses exportados para a UE e cerca de 94% das tarifas sobre importações japonesas com origem no espaço europeu. As agência de notícias internacionais referem que o valor de 94% tenderá a aproximar-se dos 99% ao longo dos anos. Os preços de certos produtos, como o vinho e a carne de porco da União irão ficar mais baratos no Japão e na Europa, o custo de chá, peixe e peças de maquinaria japonesas irá descer. O arroz, porém, não sofrerá alterações uma vez que é um produto culturalmente protegido pelo governo japonês e explica a diferença entre os 94% e os 99%.
Segundo a UE, as exportações de produtos de cosmética, químicos, roupa e cerveja para o Japão irão crescer graças ao acordo enquanto o ministério japonês dos Negócios Estrangeiros considera que ao fortalecer os laços com a UE, o Japão espera vitalizar o investimento direto mútuo, combater outras tendências globais para o protecionismo e reforçar o estatuto das marcas japonesas. Ambas as partes consideram que o acordo irá melhorar ainda a segurança laboral.
O APE, resultado de quatro anos de negociação, foi finalizado em 2017 e deverá entrar em vigor no outono de 2019, no final de mandato da Comissão Europeia.