“Ele devia ter-se demitido e chegou a altura do papa o afastar”, afirmou o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, sobre o arcebispo de Adelaide, Philip Wilson, condenado por ocultar casos de abusos sexuais na Igreja australiana. “Muitos líderes pediram-lhe que se demitisse… e penso que chegou a altura da autoridade máxima da Igreja agir”, acrescentou o líder do governo australiano.
Posição que foi apoiada pelo líder da oposição, Bill Shorten: “Se não tem a decência de se demitir, então os seus superiores na Igreja devem tomar providências”. Para o político australiano “a comunidade falou, os tribunais falaram, chegou agora a altura da Igreja realmente ouvir”.
Dentro da hierarquia da Igreja católica australiana também há vozes que se afirmam favoráveis à saída de Wilson. O bispo eleito de Melbourne, a maior diocese da Austrália, Peter Comensoli, que assumirá o seu posto no final deste mês, também pediu ao seu colega que se afaste.
“Philip Wilson escolheu não apresentar a sua demissão e tem todo o direito de recorrer, como fez, mas no meio de tudo isso está aquilo que é o melhor para o povo de Deus nesta circunstância e, especialmente, aquilo que é melhor para as pessoas da Arquidiocese de Adelaide”, afirmou Comensoli ao ABC Religion. “Por essas razões, penso que o caminho que está a seguir não ajuda o povo de Deus da Arquidiocese de Adelaide”, acrescentou o bispo.
A embaixadora da Austrália junto da Santa Sé, Melissa Hitchman, já transmitiu a mensagem do governo à hierarquia do Vaticano que prometeram transmiti-la ao papa Francisco, embora seja improvável que o sumo pontífice venha a a agir nesse sentido.
O arcebispo Paul Wilson, a figura de maior hierarquia da Igreja Católica a ser condenado num processo de abuso sexual – foi sentenciado a 12 meses de prisão domiciliária –, recorreu da sentença e assegurou várias vezes que não tenciona abandonar o seu cargo, apesar de se ter escusado dos seus deveres enquanto o tribunal aprecia o recurso.
Wilson vem reiterando a sua inocência e os seus advogados tentaram por quatro vezes que o caso fosse arquivado, usando como argumento que o prelado sofre de Alzheimer.
O arcebispo de Adelaide não é o único membro da mais alta hierarquia da Igreja Católica na Austrália suspeito de promover o silêncio em torno dos abusos sexuais cometidos por padres. O antecessor de Comensoli, o arcebispo Denis Hart, presidente da Conferência Episcopal da Austrália, é um deles, bem como os arcebispos de Brisbane, Marl Coleridge, de Perth, Timothy Costelloe, e de Sidney, Anthony Fisher.
Governo da Austrália pressiona papa para demitir arcebispo
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