Ricardo Robles, vereador do Bloco de Esquerda, adquiriu um imóvel em 2014 – na Rua Terreiro do Trigo, Alfama – por 347 mil euros. Entranto, o prédio foi colocado à venda por 5,7 milhões de euros, avançou esta sexta-feira o Jornal Económico.
O prédio pertencia à Segurança Social, antes de ser comprado pelo vereador. Em 2014, o prédio foi colocado à venda por 347 mil euros, que acabaram por ser pagos por Robles e a irmã, Lígia Robles, com ajuda familiar e dois empréstimos, um da Caixa Geral de Depósitos e outro do Montepio, escreve o mesmo jornal.
No ano da compra, como o edifício se encontrava em más condições, a Câmara manda o vereador para fazer obras. As licenças para as obras avançarem foram aprovadas em 2015 e ficaram concluídas em março de 2016. No total, a reconstrução do imóvel terá custado cerca de 650 mil euros.
Na altura, moravam cinco inquilinos no prédio, mas apenas um casal aceitou fazer um novo contrato de arrendamento – a renda aumentaria e o contrato iria durar oito anos. Outros três inquilinos, que tinham lojas no imóvel acordaram em sair. Já o dono do restaurante, que funcionava no imóvel, colocou os irmãos Robles em tribunal, exigindo uma compensação de 120 mil euros por causa das obras que fez ao longo do tempo, depois de os proprietários se terem oferecido para pagar cinco mil euros.
Agora, "por razões familiares", Robles e a irmã decidiram vender o prédio. A imobiliária encarregue da venda avaliou o imóvel em 5,7 milhões de euros. Como o negócio do vereador é feito a meias com a sua irmã, caso o prédio seja vendido, este deverá receber uma mais-valia de cerca de 2 milhões de euros brutos.
Ricardo Robles tem sido um grande crítico do despejo de inquilinos e da especulação imobiliária na zona de Lisboa, acusando a Câmara Municipal de Lisboa de se ter tornado “promotora de especulação imobiliária”.
Numa nota enviada aos órgãos de comunicação social, o vereador do BE esclarece que "o valor noticiado resulta de uma avaliação efetuada por uma agência imobiliária. Ou seja: o imóvel não foi vendido nem está à venda neste momento, sendo evidentemente desconhecidas as condições de qualquer operação que – obedecendo a contragimentos familiares, conforme explicado por Ricardo Robles – venha a ocorrer no futuro.
O documento diz ainda que "nenhum morador saiu da sua habitação", sendo que "a ideia de que “a maior parte dos inquilinos saiu”, plasmada na primeira página do jornal, surge descontextualizada e é, por isso, enganadora". "As renúncias contratuais dizem respeito exclusivamente a espaços comerciais, alguns devolutos ou inutilizados, e foram acordadas com cada inquilino. Significa isto que a única família que vivia neste imóvel continua a viver, agora com a casa recuperada, com contrato em seu nome e com a duração de oito anos. Esta família paga, depois de efetuadas as obras no imóvel, uma renda mensal de 170 euros", adianta o documento.