Sobre Ricardos Robles (RR) já muito se disse mas muito ainda se pode vir a dizer, aliás, não me admirava se num futuro próximo vier a ser incluído no currículo de um qualquer Curso do Ensino Superior (Gestão Urbanística, Ciência Política, Psicologia, Filosofia…).
A propósito, Xavier de Lima, um dos maiores promotores de loteamentos ilegais da margem sul, nos anos 60 e 70, as chamadas AUGI (Áreas Urbanas de Génese Ilegal) e que ainda hoje se encontram num processo de regularização, veio a ser objeto de estudo nas Faculdades de Direito e em Cursos de Gestão Urbanística, designadamente no Curso de Pós Graduação em Direito do Urbanismo e do Ambiente – CEDOUA, Faculdade de Direto de Coimbra.
Todo o comportamento de RR é tipicamente o comportamento de um excelente especulador imobiliário, senão vejamos:
Descobre um negócio altamente rentável, em saldo (ainda que não para qualquer bolsa e por isso ser especulador requer algum dinheiro para investir) numa zona de forte pressão turística com uma valorização muito forte dos valores do mercado imobiliário;
Consegue o sol na eira e a chuva no nabal Fica isento até 2021 do Imposto Municipal sobre imóveis no pressuposto de que o edifício tinha recebido obras de remodelação mas ao mesmo tempo consegue ampliar o edifício criando mais um piso.
Ao mesmo tempo fica isento do Imposto “Mortágua” criado pelo seu próprio partido, relativo ao valor do imóvel, pela simples razão de que o imóvel ainda que tenha sido avaliado pelo valor de 5,7 milhões de euros, teve uma avaliação de 314 mil pela Autoridade Tributária.
Consegue expulsar do Centro Histórico da Cidade, moradores e comerciantes, beneficiando para o efeito da politica de Assunção Cristas que o bloco e RR tão ferozmente criticaram, atirando-lhes umas migalhas de indemnização (legais convenhamos) e afinal parece que não tão legais já que decorre um processo em tribunal por parte do dono do restaurante que terá realizado benfeitorias no imóvel e nem disso foi ressarcido, não esquecendo que mandou para o desemprego 4 trabalhadores.
Consegue as licenças e todas as autorizações em tempo recorde enquanto, os vizinhos lesados pelas consequências decorrentes da ampliação do prédio, designadamente perda de salubridade, só foram notificados da decisão da autarquia um ano após as suas reclamações e quando já as obras estavam concluídas.
Estes factos fazem-nos questionar se não estamos perante uma gestão danosa de várias entidades públicas, desde logo a Segurança Social que vende um imóvel por um valor miserável quando, com obras de remodelação vem a valer 15 vezes mais (uma mais valia de 400% contando já todos os investimentos feitos por RR).
A Autoridade Tributária que parece ter fechado os olhos a um valor de mercado 15 vezes superior à avaliação feita para cobrança de impostos, desde logo permitindo a isenção do Imposto proposto pelo Bloco de Esquerda o chamado “ Imposto Mortágua” no imóvel que tem um valor de marcado de 5,7 milhões.
A Câmara Municipal de Lisboa licenciou a ampliação do edifício, atribuiu todas as licenças em tempo recorde, quando demorava um ano a responder aos reclamantes e não atendeu ao interesse de moradores, de comerciantes e de vizinhos e apenas, como bom correligionário, apenas atendeu aos interesses de RR e ainda dispensa a cobrança do IMI considerando que se tratou apenas de uma remodelação quando se sabe que se tratou também de uma ampliação do prédio com a criação de mais um piso.
Também surge uma dúvida, já entretanto opinada nos órgãos de imprensa, se não estamos perante um crime de especulação, comparável a qualquer crime económico ou de tráfico de drogas atendendo aos valores que estão em causa e às mais-valias que foram geradas.
Gostaria de dirigir umas palavrinhas ao Senhor Ricardo Robles (RR)
Senhor RR, depois de tudo que V. Exª fez, vir dizer que foi tudo legal e tudo transparente, é revelador do caráter e integridade de alguém que tudo fará, para satisfazer as suas ambições pessoais, servindo-se do lugar que ocupa, do acesso a informação privilegiada, dos amigos influentes, das leis que diz combater, conseguindo praticar os tais atos que, com alguma arrogância e superioridade moral, diz repugnar.
O Senhor faz-me lembrar aquelas senhoritas que estão à porta do supermercado, com ar muito caridoso, apelando aos clientes para doarem alimentos para os meninos de um qualquer país de Africa ou de outro Continente acossado pela fome. Quando, de repente, ali ao lado, um menino pobre lhes puxa pela saia a pedir qualquer coisa para comer, elas com toda a brutalidade que lhe é permitida, empurram a criança.
Desaparece daqui fedelho!
E sabe Sr. RR porque as senhoritas fazem isso? Pela simples razão que defendem em abstrato coisas, valores princípios, porque é bonito, porque está na moda, porque lhes fica bem, porque, porque, porque,…, mas em concreto são coisas, valores e princípios que não estão interiorizados, não os sentem, não fazem parte do seu ADN.
O Senhor também é assim. Defende em abstrato coisas muito bonitas mas na verdade não sente nada, não quer mesmo saber, apenas finge e convenhamos que a fingir você é o melhor.
Estou convencido que todos os especuladores imobiliários deste país aprenderam muito com o Senhor e a Câmara de Lisboa vai ter problemas no futuro se e quando quiser moralizar o sistema.
V. Exª fez mais pela especulação imobiliária e pela expulsão dos moradores do centro da cidade que qualquer capitalista, especulador, ou político de direita poderiam algum dia sonhar.
Mas presumo que vai continuar a dormir bem sem quaisquer pesadelos e problemas de consciência porque esses são para quem a tem.
Jorge Gaspar
Técnino Superior da Câmara Municipal do Seixal