O antigo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, não baixa os braços e, num artigo de opinião publicado no “New York Times”, voltou a reafirmar, poucos dias antes de o Supremo Tribunal Eleitoral decidir sobre a sua candidatura, a sua vontade de concorrer nas eleições presidenciais de 2018. “Embora eu possa estar na cadeia hoje, eu estou concorrendo à presidência”, escreveu o antigo chefe de Estado.
Defendendo a sua inocência e relembrando a importância de uma justiça imparcial, Lula inclui a sua prisão no que considera ser “a última fase de um golpe em câmera lenta destinado a marginalizar as forças progressistas no Brasil”. “Minha condenação e prisão são baseadas no testemunho de uma pessoa cuja própria sentença foi reduzida em troca do que ele disse contra mim”, criticou, acrescentando que “era do seu interesse pessoal dizer às autoridades o que eles queriam ouvir”. Ainda assim, Lula garantiu ter fé que “a justiça prevalecerá, mas o tempo está correndo contra a democracia”.
Uma democracia que não foi possível construir sem a retirada de milhões de pessoas da pobreza no Brasil. “Nos meus dois mandatos, o salário mínimo aumentou 50%. Nosso programa Bolsa Família, que auxiliou famílias pobres ao mesmo tempo que garantiu que as crianças recebessem educação de qualidade, ganhou renome internacional”, escreveu Lula no artigo. “Nós provámos que combater a pobreza era uma boa política económica”, garantiu ainda.
Um progresso que, continua Lula, foi “interrompido” não por “eleições livres e justas”, mas por um “golpe” com o impeachment de Dilma. Agora “pretende-se impedir que o Partido dos Trabalhadores seja novamente eleito para a presidência” por as sondagens mostrarem que Lula “venceria facilmente as eleições”. “Estive preso antes, sob a ditadura militar do Brasil, por nada mais do que defender os direitos dos trabalhadores. Essa ditadura caiu”, relembrou Lula. “As pessoas que estão abusando de seu poder hoje também cairão.”