Ruas de Lisboa enchem-se de lixo nos meses de verão

Moradores e juntas de freguesia consideram que a recolha feita é insuficiente e culpam o alojamento local

Os contentores espalhados pelas ruas de Lisboa não são suficientes para o lixo que é produzido durante os meses de verão pelos moradores e turistas. As zonas do Barro Alto, Alfama, Cais do Sodré são as mais afetados, denuncia o Diário de Notícias.

Os moradores e comerciantes queixam-se e culpam o alojamento local e a restauração por não respeitarem as regras e horários da recolha do lixo. Também os presidentes das diferentes juntas consideram que os serviços de recolha de lixo da Câmara Municipal não são suficientes, principalmente quando se trata do mês de agosto.

“Nesta altura do ano existe um produção muito maior [de lixo] do que no resto ano”, diz Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, ao DN. “Mesmo que os serviços da Câmara não estejam a ter problemas, a produção de lixo é tanta que a recolha não consegue acompanhar as necessidades que existem.”

Segundo Carla Madeira, “é essencial haver um aumento no número de recolhas” porque “neste momento toda a freguesia se tornou numa zona turística” e isso faz com que seja “fundamental haver recolha todos os dias, de segunda a domingo”.

No entanto a autarca não acreduta que os moradores sejam os principais responsáveis pela produção extra de resíduos. “Os moradores sabem que só existe recolha à noite e que não existe recolha ao domingo”, por isso, “acondicionam o lixo em casa ao domingo e à segunda-feira”. Por outro lado, os alojamentos locais não fazem isso, “colocam o lixo a qualquer hora, até porque grande parte dos check-out são ao domingo”, reforça apelando a que os estabelecimentos comerciais “adaptem a sua atividade à recolha de lixo que existe na zona”.

Também o presidente da Junta de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, reconhece que o aumento do fluxo de visitantes “tem uma influência muito grande” na produção do lixo. “Temos cerca de 14 mil habitantes e temos visitantes diários na ordem das 250 mil pessoas”, explica o autarca ao DN.

Para Miguel Coelho a solução passa por “mais meios humanos e instrumentos mecânicos”, mas para isso é preciso “meios financeiros”. Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, fez um acordo com os presidentes das Juntas de Freguesia no sentido destas “começarem a receber uma componente da taxa turística” que irá ajudar na questão da higiene urbana.

O acordo prevê que a freguesia de Santa Maria Maior receba 1,3 milhões de euros – a maior fatia –, seguida da freguesia da Misericórdia com 564 mil euros, Santo António com 435 mil euros e Arroios com 330 mil euros. No entanto, um mês depois de ter sido anunciado o acordo, o dinheiro ainda não chegou às respetivas juntas. “Estamos à espera que se concretize”, afirma Miguel Coelho.

Da parte da Câmara Municipal, em nota enviada ao DN, a resposta aponta para uma aprovação da proposta ainda este ano, devendo passar para as juntas de freguesia “a partir do próximo ano”. Quando aos problemas com o lixo, a Câmara afirma que “a limpeza [das ruas] é da responsabilidade das juntas e que, por isso, só elas podem falar da redução dos trabalhadores dedicados a essa competência”, recusando ter havido “redução de trabalhadores na competência de remoção”. Nesta época de verão há “mais trabalhadores em férias”, admite a autarquia, o que “cria constrangimentos ao serviço de remoção”.