Segurança. Ponte 25 de Abril monotorizada 24 horas por dia

O que aconteceu com a ponte de Génova não deverá poder acontecer na Ponte 25 de Abril. Porquê? Porque é monotorizada 24 horas por dia, através de sensores que enviam informação ao minuto para o Laboratório Nacional de Engenharia Civil. 

A tragédia que se viveu nos últimos dias em Itália com o colapso da ponte Moriati, em Génova, é uma realidade que dificilmente ocorreria com a Ponte 25 de Abril, cuja estrutura está a precisar de intervenção. Porquê? Porque apesar dos problemas expostos em março deste ano pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) sobre a Ponte 25 de Abril – parafusos soltos, fissuras, brechas, entre outros, -,  a segurança da ponte não está em causa. E, segundo o SOL, a estrutura é objecto de uma fiscalização diária e em tempo real, 24 horas por dia, com recurso a instrumentos de monitorização do LNEC estão instalados na estrutura. Estes aparelhos, sensores, recolhem a informação e enviam-na para o laboratório de forma contínua. Para além disso, técnicos da Infraestruturas de Portugal (IP) estão permanentemente na ponte a fazer inspeções em todos os pontos críticos.

O aviso deixado em março pelo LNEC de que era urgente fazer obras de manutenção na infraestrutura ficou dado e, apesar de a segurança não estar afetada, a manutenção é mesmo necessária. Nesse sentido, foi aberto um concurso para serem feitas obras na ponte, que neste momento se encontra em processo de adjudicação, esperando-se que as obras arranquem já no final deste ano.

Obras implicam restrições

As obras vão obrigar a restrições para quem passa diariamente na ponte. 

Em maio, o presidente da IP revelou que, no próximo ano, durante oito noites, o trânsito irá sofrer cortes – que decorrerão entre a meia-noite e as oito e meia da manhã – permitindo assim uma intervenção total na infraestrutura. Os cortes serão feitos de forma faseada: no sentido norte-sul, estão previstos para os dias 18 e 19 de maio e 13 e 28 de outubro; no sentido sul-norte irão ser efetuados nos dias 11 e 12 de maio e 12 e 19 de outubro.

Na altura, o responsável admitiu que estas obras não serão suficientes para efetuar todos os trabalhos necessários. 

Por isso, os trabalhos irão decorrer durante dois anos, período temporal que irá causar constantes condicionamentos na circulação feita na ponte.

O responsável garantiu ainda que está é a «obra mais segura» da rede e que os seus responsáveis têm conhecimento de «tudo o que está a acontecer na ponte ao dia».

Outras infraestruturas também são seguras

A IP assegura, entretanto, que as restantes infraestruturas que são da sua responsabilidade encontram-se em bom estado de conservação. Ao SOL, a empresa disse que é  responsável por fiscalizar mais de sete mil obras de arte – incluindo pontes, viadutos e túneis. A metodologia de inspeção, segundo adiantou a mesma fonte, engloba um conjunto de atividades que se baseiam «no conhecimento detalhado do património». Este conhecimento é feito através de um inventário que detalha a «condição estrutural, por via da realização de campanhas periódicas de inspeção, permitindo a detetação antecipada das necessidades de intervenção e a atempada resposta no reforço e reabilitação das obras de arte».

Desde 2010 que já foram investidos mais de 250 milhões de euros em «trabalhos de conservação e requalificação de obras de arte», referiu a mesma fonte ao SOL.

Dois tipos de inspeção

Segundo explicou a IP, existem dois tipos de inspeção: inspeções de rotina e inspeções principais. 

Para estas fiscalizações, a empresa tem ao seu dispor 40 técnicos, que se dedicam «diretamente à atividade de inspeção e diagnóstico».

«As inspeções de rotina são uma atividade assegurada integralmente por técnicos superiores, quadros do IP altamente qualificados e experimentados», explicou a empresa. 

Neste sentido, aplicando-se à rede rodoviária, as inspeções de rotina são realizadas duas vezes por ano desde 2009. Estas acções  permitem fazer «uma avaliação regular do nível de manutenção das estruturas e, sempre que necessário, o despoletar preventivo de inspeções principais extraordinárias». No contexto ferroviário, as inspeções são asseguradas por equipas internas, sendo realizadas anualmente. 

Já as inspeções principais, segundo esclareceu a empresa, são periódicas e programadas, resultando «da necessidade de nova verificação do estado de conservação das obras de arte». Estas inspeções requerem «um grande envolvimento técnico especializado» e visam analisar e verificar se as estruturas necessitam de reparações ou então «propor as melhores soluções para uma eventual intervenção de reabilitação», sendo realizadas a cada seis anos.

No ano passado, foram realizadas 911 inspeções principais na rede rodoviária de todo o país, adiantou a IP. 

Quanto ao setor ferroviário, as semelhanças com o rodoviário são notórias: as inspeções são asseguradas por meios internos, sendo realizadas a cada cinco anos.

A empresa faz também fiscalizações subaquáticas, que são uma espécie de inspeção principal «realizada às partes permanentemente imersas das obras de arte, com uma altura de água superior a 1m», com o objetivo de avaliar o seu estado de conservação. Estas inspeções são feitas com uma regularidade de entre quatro a cinco anos.

Quanto à monitorização das estruturas, a IP disse ainda que realiza «atividades especializadas de monitorização» para conseguir medir alguns comportamentos específicos. «Esta ação é particularmente importante pois permite complementar a conservação realizada no âmbito das inspeções principais e determinar com maior rigor as alterações que venham a ocorrer no seu funcionamento ou aferir o seu comportamento real».