Indústria automóvel engana portugueses em 1,6 mil milhões de euros

Além dos gastos extra com o combustível desde 2000, os portugueses estão entre os europeus com gásoleo e gasolina mais cara

A indústria automóvel enganou os automobilistas e em causa estão 1,6 mil milhões de euros de despesa extra para os bolsos dos portugueses desde 2000.

Segundo um estudo da Federação Europeia de Transportes (T&E), o consumo real dos veículos foi manipulado e só no ano passado custou aos condutores portugueses mais de 264 milhões de euros a mais em combustível. Segundo a organização ambientalista ZERO, o valor gasto nos últimos 18 anos é superior aos gastos totais das famílias durante um ano em educação.

No cômputo europeu, esta manipulação fez com que os automobilistas gastassem mais 149,6 mil milhões de euros do que era suposto em combustível. No ano passado o gasto extra foi de 23,4 mil milhões de euros.

Desde 2000, os mais lesados foram os automobilistas alemães ao gastarem mais 36 mil milhões do que seria suposto, seguidos dos britânicos com um gasto de 24,1 mil milhões e dos franceses que gastaram 20,5 mil milhões de euros a mais.

Segundo a T&E a diferença entre o desempenho de combustível no teste e na realidade passou de 9% em 2000 para 42% em 2016. A culpa está na manipulação dos fabricantes nos testes de laboratório, mas também nas tecnologias como o start-stop, onde as economias de combustível são maiores em laboratório do que em estrada. De acordo com a estimativa feita pela federação, as correções eficazes nos testes poupariam cerca de 54 mil milhões aos condutores.

Em comunicado, a Quercus apela aos ministros do Ambiente e eurodeputados para que não deixem que a indústria automóvel continue a “defraudar as regras” e avisa que a proposta da Comissão Europeia com vista a reduzir as emissões de CO2 dos veículos ligeiros de passageiros e comerciais não é adequada e traduz-se se "numa nova autorização para que a indústria automóvel mantenha o sistema de jogo".

Para Nuno Forner, da associação ambientalista ZERO, a federação europeia precisa de alterar o tipo de testes feitos pela indústria e aproximá-los à vida de estrada.

 

Na hora de encher o depósito.

Andar de carro em Portugal é cada vez mais caro, mas este não é um problema apenas para os nossos bolsos e há quem esteja bem pior.

A verdade é que, em média, entre os países da União Europeia, o litro do combustível mais utilizado assume o valor de 1,355 euros enquanto a gasolina está a ser comercializada a 1,465 euros por litro.

Portugal é o 10º país da Europa com o gasóleo mais caro. Os suecos são quem paga mais por um litro, cerca de 1,513, seguido dos italianos e dos ingleses.

Já no cenário da gasolina, Portugal está em quinto, entre os 28 países de UE. A Holanda é o país com o preço do litro da gasolina mais caro, 1,6812 euros, seguido da Dinamarca e da Grécia.

No entanto, nas bombas de abastecimento, 60% do que paga na gasolina são impostos, um valor menor quando falamos dos impostos do gasóleo, apenas 53%.