Papa Francisco partilhou esta quarta-feira o seu lamento sobre a forma como a igreja irlandesa respondeu ao escândalo de crimes sexuais.
Nas primeiras declarações do Papa depois de ter sido acusado de conhecer e ocultar os crimes de pedofilia perpetrados pelo cardeal norte-americano Theodore McCarrick, o Sumo Pontífice declarou que as autoridades eclesiásticas da Irlanda falharam face aos crimes sexuais.
Este fim de semana, o Papa Francisco esteve de visita à Irlanda, um dos países onde foram identificados mais crimes de abuso sexual a menores por membros da igreja, e encontrou-se com oito vítimas – incluindo duas que foram forçadamente dadas para adoção quando nasceram por as mães não serem casadas. Era prática na Irlanda forçar a adoção de filhos de mães solteiras, condenando a progenitora a viver em casas de trabalho.
Clodagh Malone, uma das vítimas que esteve neste encontro com o Papa Francisco, disse que o Sumo Pontífice “ouviu cada um com respeito e atenção”, tendo-se mostrado “chocado” com o que as vítimas tinham para lhe contar.
No último dia da visita o Papa Francisco foi acusado pelo ex-núncio de Washington, o arcebispo Carlo Maria Vigano, de ter anulado sanções contra o cardeal Theodore McCarrick, chegando mesmo a ignorar descrições do comportamento homossexual predatório junto de jovens seminaristas e sacerdotes. As denúncias foram feitas através de uma carta.
Também na viagem de volta a Roma, as declarações do Papa voltaram a criar polémica quando aconselhou as famílias com crianças homossexuais a procurar ajuda psiquiátrica.
Na Irlanda, desde 2002, mais de 14.500 pessoas declararam-se vítimas de abusos sexuais por parte de membros da igreja irlandesa. Também na Pensilvânia, nos Estados Unidos, uma investigação do Tribunal, liderada pelo procurador-geral Josh Shapiro, identificou mais de 300 padres envolvidos em crimes sexuais, grande parte deles abafado por bispos e até mesmo pelo próprio Vaticano. “Há exemplos concretos em que o Vaticano sabia e estava envolvido na ocultação”, afirmou o procurador-geral. “Só não posso falar sobre o Papa”, acrescentou ressalvando a impossibilidade de saber se o próprio Papa estaria a par da situação.