Os investigadores federais possuem provas significativas de que o presidente Donald Trump, então candidato à presidência dos Estados Unidos, terá pago à empresa mãe do “National Enquirer”, a American Media, para as histórias das duas mulheres com que alegadamente manteve relações íntimas, Stephanie Clifford e Karen McDougal, não fossem divulgadas. E se Trump sempre o negou, os investigadores sabem agora, segundo o “New York Times”, que o então candidato republicano chegou mesmo a delinear um plano com o seu então advogado privado, Michael Cohen, para comprar todas as informações que o jornal possuísse desde a década de 80.
“É tudo – tudo, porque nunca se sabe”, terá dito Cohen numa gravação referida por uma fonte próxima da investigação ao jornal de Nova Iorque. O plano foi realmente considerado ao ponto de o advogado pessoal ter discutido o assunto com o responsável financeiro da Organização Trump, Allen Wiesselberg. “Falei com Allen Weisselberg sobre como montar tudo”, disse Pecker numa outra gravação. “Vamos ter de lhe pagar alguma coisa”, acrescentou o advogado, referindo-se a David Pecker.
No entanto, o negócio nunca se chegou a concretizar. Fontes próximas das operações do “National Enquirer”, referidas pelo “New York Times”, dizem que as histórias de Trump desde a década de 80 eram essencialmente sobre casos extraconjugais, processos judiciais e batotas em jogos de golpe – o desporto preferido do chefe de Estado.
O encobrimento de Trump e Cohen mostra como os dois estavam preocupados por informações sensíveis sobre o então candidato presidencial pudessem ser reveladas pelo jornal por ordem de David Pecker, presidente da American Media e aliado de sempre de Trump, prejudicando a campanha presidencial. Pecker comprava e guardava para si todas as histórias que implicavam Trump, fazendo dele uma ameaça para o milionário. Agora, Pecker está a cooperar com os investigadores federais para que o “National Enquirer” não fique à margem da lei que protege a imprensa nos EUA, vendo-se impedido de publicar notícias.
Desde que a história do alegado pagamento do presidente Trump à empresa de Pecker foi divulgada pelo “New York Times” que o chefe de Estado se tem desdobrado em declarações a negar as acusações. Todavia, a recusa de qualquer crime – comprar as histórias para evitar a divulgação figura como crime na lei eleitoral dos Estados Unidos como tentativa de influenciar as eleições – parece ser cada vez menos plausível. Cohen declarou-se este mês culpado de dois crimes de violação da lei das finanças de campanhas eleitorais, relacionados com o pagamento às duas mulheres, perante o tribunal de Nova Iorque.