Direção do hospital de Gaia/Espinho demite-se em bloco

Há cinco meses que a equipa de 52 médicos têm vindo a falar de demissão por falta de investimento e por falta de médicos, enfermeiros e auxiliares. A demissão foi hoje apresentada em bloco com os médicos a apontarem o dedo ao governo que dizem ter “falta de soluções”.

A equipa de 52 médicos com funções na direção do hospital e da direção de serviços apresentaram hoje a demissão em bloco por falta de recursos humanos e de falta de investimento naquele centro-hospitalar, apontando o dedo ao governo pela situação “caótica”.

De acordo com José Pedro Moreira da Silva, um dos diretores clínicos demissionários, o hospital está “parcialmente destruído com infraestruturas de vários anos e que funcionam mal”.

Em conferência de imprensa conjunta na secção norte da Ordem dos Médicos, a direção do centro hospitalar explicou as várias razões que levaram à demissão, já entregue à administração que já fez saber que vai "ouvir e dialogar com os profissionais".

Os médicos dizem que o hospital, que serve o terceiro concelho mais populoso do país, tem “um financiamento que não é adequado” sendo “muito mais baixo que outros hospitais centrais”. Os médicos alegam ainda que a somar à falta de verbas o hospital tem também “falta de pessoal, não só falta de médicos como falta de pessoal de enfermagem e de pessoal auxiliar”.

José Pedro Moreira da Silva deu mesmo o exemplo que para “20 camas há apenas duas auxiliares que tratam doentes acamados, doentes dependentes, que precisam de ser mudados, lavados, acompanhados ao quarto de banho e ser alimentados”. Uma auxiliar para “12 ou 13 camas é muito pouco”, alerta o diretor clínico. Outro exemplo é o serviço de urologia onde existem “16 camas e a casa de banho fica fora da enfermaria”.

Por tudo isto, os médicos entendem que não têm “condições” para dar “o melhor contributo para os doentes que estão internados”.

“Já passámos o limite do que era tolerável e é hora de levantarmos a nossa voz”, avisam os médicos demissionários.

Desde Março que os médicos têm vindo a ameaçar apresentar a demissão por falta de verbas e de pessoal, depois de a administração do hospital ter decidido não abrir vagas para contratar todos os médicos recém-especialistas que fizeram o internato no hospital.

Além disso, as obras do novo edifício das urgências e cuidados intensivos (com orçamento previsto de 16 milhões de euros) estão paradas há mais de dois anos por falta de verbas.