Ténis. Árbitro português enfureceu uma campeã muito pouco Serena (com vídeo)

A veterana norte-americana ficou fora de si e até chorou ao perder a final do US Open

O dia mais histórico para o ténis japonês acabou por ficar ensombrado por um duelo entre Serena Williams… e um português: Carlos Ramos, o português que apitou a final do US Open onde a nipónica Naomi Osaka, de apenas 20 anos, conseguiu o primeiro Grand Slam para o país do sol nascente. Osaka bateu a multi-campeã norte-americana em apenas dois sets (6-2 e 6-4), mas o encontro ficou marcado pelas decisões do juiz luso que enfureceram Serena.

 

Your 2018 #USOpen champion…@Naomi_Osaka_ pic.twitter.com/yAPFaezBpz

— US Open Tennis (@usopen) 8 de setembro de 2018

 

Tudo começou quando Carlos Ramos entendeu por bem aplicar uma penalização à veterana atleta de 36 anos por “coaching”, ou seja, receber indicações do treinador no decorrer do encontro. Serena protestou de forma efusiva – “Eu tenho uma filha e não sou batoteira. Prefiro perder a fazer batota”, disparou numa primeira fase. Mais tarde, partiu uma raquete e recebeu nova advertência e mais um ponto de penalização, voltando a atirar-se ao árbitro português: “Devia pedir-me desculpa. É mentiroso e um ladrão, jamais recebi ‘coaching’ na minha vida.”

Os abusos na linguagem – que envolveram ainda acusações de sexismo, com Serena a aventar que a conduta de Carlos Ramos seria outra caso ela fosse um homem – acabaram por redundar em nova advertência… e jogo de penalização, algo inédito na história das finais de Grand Slam. Serena acabou lavada em lágrimas e Carlos Ramos saiu do recinto com escolta de segurança e debaixo de um enorme coro de assobios. Curiosamente, o treinador da norte-americana, o francês Patrick Mouratoglou, acabou depois por reconhecer ter dado instruções a Serena, embora garantindo que a atleta nem se apercebeu dos gestos: “Sou sincero: eu estava de facto a dar instruções. Cem por cento dos treinadores o fazem em todos os jogos, todo o ano, toda a gente sabe. É preciso acabar com a hipocrisia. E quando o árbitro vê, avisa primeiro o jogador. Ele não fez isso. A Serena nem viu o meu gesto. E sentiu-se humilhada pelos avisos. Mas estas regras estão a matar o ténis. Não permitir que um jogador expresse os seus sentimentos é estúpido. Não é nada do outro mundo partir uma raquete.”

Na altura da consagração de Naomi Osaka, Serena Williams acabou por emendar a mão. Já no pódio, pediu ao público para que parassem de apupar e deixar a japonesa ter o seu momento de glória, abraçando a vencedora. Uma atitude que lhe valeu elogios por parte da Federação de ténis norte-americana – que sublinhou, ainda, que a decisão do árbitro é soberana.

 

From boos to cheers. An emotional and powerful moment for Naomi Osaka and Serena Williams at the US Open podium. ( ⬆️) pic.twitter.com/oTg6SORjXe

— ESPN (@espn) 8 de setembro de 2018

 

Choque frontal com as estrelas Esta não foi, porém, a primeira vez em que Carlos Ramos mostrou pulso firme perante grandes nomes do ténis mundial. E, ao contrário do que Serena referiu, tal já aconteceu em diversas ocasiões em encontros do circuito masculino. Em 2017, em Roland Garros, o árbitro de 47 anos (e juiz de ténis profissional há 27) chegou a advertir Rafael Nadal pela sua demora a servir, com o espanhol a acusar depois o juiz português de “ir atrás dos seus erros”. No mesmo recinto – onde em 2016 Carlos Ramos havia já advertido Venus Williams, irmã de Serena, igualmente por receber sinais do seu treinador –, o sérvio Novak Dkojovic foi igualmente advertido por gastar demasiado tempo entre as jogadas, sendo igualmente punido depois de reclamar na sua língua materna e atirar uma bola na direção de um apanha-bolas. “Que foi? O que é que eu disse? Não me diga que sabe sérvio”, disparou então Djoko, que voltou a ter problemas com Carlos Ramos já este ano em Wimbledon.

Também Andy Murray entrou em choque com o árbitro português nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016 – onde o britânico até acabaria por ganhar a medalha de ouro. Num encontro com o japonês Kei Nishikori, Murray terá chamado “estúpido” a Carlos Ramos; no fim do jogo, revelou ter dito “arbitragem estúpida” e acusou o árbitro de querer “ser a estrela do jogo”. No início desse ano, no Open da Austrália, ao ser chamado à atenção pelo juiz luso por ter gritado com um apanha-bolas, Nick Kyrgios atirou um “A sério? Estou a infringir que regras? Isto é uma m…”

A mão pesada de Carlos Ramos também já se manifestou em Portugal. No Estoril Open de 2017, o francês Richard Gasquet perdeu um ponto por receber instruções do treinador numa partida com o sul-africano Kevin Anderson e não escondeu o desapontamento. “O meu treinador não disse nada, para mim isto é desrespeitoso. Nunca vi um árbitro de cadeira assim. Estou muito triste, perdeu o meu respeito para toda a vida”, disse então o vencedor do Estoril Open de 2015.