O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva não vai ser candidato às eleições presidenciais do Brasil, cuja primeira volta está marcada para dia 7 de outubro. Lula anunciou que Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo ocupará o seu lugar na candidatura do Partido dos Trabalhadores (PT).
O anúncio foi feito através de uma carta lida aos seus apoiantes que estão há cinco meses acampados à porta da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente está a cumprir pena de 12 anos e um mês por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Lula esperava que o Supremo Tribunal fosse favorável ao recurso em que pedia mais tempo para substituir o seu nome pelo de Haddad (o Tribunal Superior Eleitoral deu ao PT dez dias para o fazer), mas o pedido não foi aceite.
Lula decidiu agora respeitar a ordem do tribunal para não correr o risco de ver os votos do PT serem anulados no dia das eleições. A confirmação de Haddad como candidato à presidência só surgiu no último dia do prazo do tribunal.
A substituição definitiva de Lula por Haddad abre uma nova etapa na campanha eleitoral para as presidenciais do Brasil. Sem o ex-chefe de Estado na corrida, é preciso saber agora se o PT consegue transferir grande parte do eleitorado que colocava Lula à frente, destacado, em todas as sondagens para garantir que Haddad chega à segunda volta, que se disputa a 28 de outubro. Nas sondagens mais recentes, o ex-prefeito de São Paulo aumentou as suas intenções de voto de 4% para 9% nas sondagens feitas pelo Datafolha para a Globo e para o jornal “Folha de São Paulo”.
Não será uma tarefa fácil caminhar com os sapatos de Lula, até porque a biografia de Haddad diverge da do ex-presidente. Enquanto este veio de um meio pobre, foi operário e emergiu do movimento sindical, o novo candidato do PT é um académico, mestre em Economia e doutorado em Filosofia.
Bolsonaro em recuperação
Sem Lula na corrida, é Jair Bolsonaro, o candidato da extrema–direita, quem passa a liderar todas as sondagens. Atingido por um golpe de faca durante um ato de campanha em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, Bolsonaro continua internado nos cuidados intensivos e muito dificilmente poderá voltar à estrada para prosseguir a campanha eleitoral.
Transferido para o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, o estado do candidato é considerado estável. Segundo um comunicado do hospital, o candidato do PSL já não tem febre nem sinais de infeção e vai voltar a alimentar-se por via oral. “Em decorrência da melhora intestinal, a sonda nasogástrica foi retirada na manhã de hoje. Será reiniciada alimentação oral e progredida de forma gradual conforme aceitação. Ela será feita concomitante à alimentação parental”, diz o comunicado. O candidato usou ontem as redes sociais para agradecer o apoio da população brasileira, em especial a de Juiz de Fora, onde foi atacado.
O atentado não veio beneficiar significativamente o candidato de extrema-direita. As sondagens do Datafolha colocam Bolsonaro na frente na primeira volta, mas na segunda volta, que é quase certa, não deverá conseguir superar a sua grande taxa de rejeição. Os dois candidatos mais fortes a disputar a segunda volta com Bolsonaro, Marina Silva e Ciro Gomes, conseguiriam ganhar com 43% e 45%, respetivamente.