Uma mulher com uma compressa esquecida na vagina depois de ter um bebé e uma utente que caiu da cama quando estava internada depois de uma operação. Os dois casos resultaram em processos da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e, esta semana, conheceram-se as respetivas deliberações, a par de outras relativas a outros casos.
No primeiro caso, nove dias depois de a mulher ter ido para casa, as dores que sentia levaram-na ao hospital, onde se descobriu que tinha uma compressa na vagina. O caso passou-se na Maternidade Alfredo da Costa e a compressa foi colocada devido a uma hemorragia. A Maternidade argumentou, em resposta à queixa, que “uma compressa pequena, como era o caso, embebida em sangue, facilmente se confunde com um coágulo, levando por vezes à sua difícil identificação para que fosse removida”, uma justificação que a ERS não aceitou. O Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), detentor da Maternidade, reuniu pessoal médico e enfermeiros para criar regras de forma a garantir que este seria caso único. Mas ainda assim, a ERS acabou por emitir uma instrução ao hospital para assegurar o efetivo cumprimento dessas regras.
Quanto ao segundo caso, tudo aconteceu no Hospital de Faro. A doente estava internada, depois de ter sido operada ao colo do fémur devido a uma fratura, e caiu da cama. Dois dias depois, faleceu. Para a ERS, o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), que detém o Hospital do Algarve, não se mostrou apto “nem suficiente para a proteção dos direitos e interesses legítimos da utente em causa”. Como resultado, a instrução emitida para o CHUA visa “garantir o permanente cumprimento das normas aplicáveis e dos procedimentos internos, com o objetivo de garantir a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde prestados”, “garantir de forma permanente a existência dos recursos materiais necessários para a prevenção adequada do risco de queda dos utentes” e ainda “garantir o permanente cumprimento das normas e orientações em vigor, a cada momento, sobre incidentes de quedas e eventos adversos”.
Entre as queixas que foram alvo de deliberações esta semana divulgadas, conta-se ainda o caso da criança de sete anos que, com parte de uma mina de um lápis no ouvido, foi encaminhada pela urgência do Hospital de São José para casa com recomendação de que se dirigisse ao centro de saúde. Outras, debruçam-se ainda sobre casos relativos a tempos de espera.