“Temos um longo caminho a percorrer para nos aproximarmos das melhores práticas dos países parceiros da União Europeia”, afirmou António Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista do Montepio.
Convidado para o almoço-debate do Internacional Club of Portugal, Tomás Correia falou sobre o tema “Economia Social e o Sistema Financeiro”, aprofundado questões demográficas e de longevidade, bem como da economia social e do negócio segurador.
Sob a atenção dos associados do clube, o presidente começou por alertar que a “longevidade é cada vez maior e (que Portugal tem) um problema de nascimentos” o que pode trazer enormes desafios para a economia, no que diz respeito ao quadro de pensões.
No que à economia social diz respeito, Tomás Correia deixou claro que esta “desempenha um papel importantíssimo noutros países” pois é a estas instituições que a poupança é confiada e gerida, “seja sob forma de produtos de proteção ou bancários”. Exemplo que serviu para apontar o dedo ao que acontece em Portugal, uma vez que a realidade nacional é bem diferente.
Do ponto de vista financeiro, o presidente da Associação Mutualista do Montepio afirmou que as instituições de economia social em solo nacional têm um “peso pequeno”, apenas com o Montepio e o Crédito Agrícola, as únicas do setor bancário.
“Se não atalharmos esta situação vamos ter um problema muito sério”, avisou. Para António Tomás Pereira, os jovens são uma das grandes preocupação uma vez que não estão reunidas todas as condições para que Portugal seja um país interessante e atrativo para viver do ponto de vista da atividade profissional e acredita que “o desenvolvimento do país” tem de ser um visto como uma responsabilidade que trará contrapartidas positivas como a fixação de mais trabalho em Portugal.
“A vida dos jovens vai ficar muito mais difícil se nós corajosamente não tivermos capacidade para por a mão na ferida” no que diz respeito ao serviços e financiamento, disse Tomás Correia.
Por último, houve tempo ainda para falar sobre a banca de investimentos, com capitais de diferentes origens, e a banca de retalhos, dominada por capitais nacionais. Sobre este tema, disse que Portugal está neste momento em contraciclo, em comparação com outras economias, e apresenta dificuldades de crescimento que se afiguram autênticos desafios para o sistema financeiro no que toca ao apoio de empresas e empresários.
Segundo o presidente, as instituições de economia social podem desempenhar um papel importante neste aspeto, sendo as únicas que resistiram ao “caudal de dificuldade que passaram, sem serem protegidas e estando expostas a quadros de ataque das mais diversas naturezas e que a realidade mostrou que não tinham fundamento”.
“É por isso que as instituições de economia social que restam devem ter a capacidade para se organizar e desenvolver bancos de retalhos em Portugal, com produtos e serviços acessíveis às pessoas e instituições”, algo que afirma não acontecer noutros países. Para Tomás Correia, “O conjunto das instituições da economia social que operam no setor financeiro têm todas as condições para vir a ser um grande banco de retalho em Portugal”.
António Tomás Correia forneceu ainda dados importantes que davam conta da situação do negócio segurador uma vez que, antes da crise, o capital nacional dominava cerca de 85% algo que não acontece agora, sendo apenas de 10 a 11%.