A má notícia é que a maioria dos brasileiros (26%) ainda está com Jair Bolsonaro, o candidato da extrema-direita que terá conquistado mais algum ímpeto depois de ser esfaqueado num comício. A boa notícia é que Fernando Haddad subiu mais ainda que Bolsonaro. O ex-ministro da Educação e ex-presidente da Câmara de São Paulo passou de 9 para 13% nas intenções de voto, de acordo com uma sondagem feita pela Datafolha.
É a segunda auscultação feita desde o ataque contra Bolsonaro, que continua hospitalizado e que registou uma subida de dois pontos. E se a primeira volta das presidenciais está marcada para 7 de outubro (com a segunda volta realizando-se a 28), Haddah aparece em segundo lugar, empatado com Ciro Gomes, candidato de centro-esquerda apoiado pelo Partido Democrático Trabalhista, ex-governador do Ceará e ex-ministro das Finanças de Itamar Franco. Os dois comandam 13% das intenções de voto, ou seja, juntos empatam com Bolsonaro.
A maior descida é de Marina Silva, a candidata da Rede, que perde três pontos descendo para 8%. Trata-se de um resultado terrível se se tiver em conta que, em agosto, chegou a ter o dobro: 16%. Mas se a esquerda oscila, se mostra insegura, e se os votos brancos e nulos, estão entre os 13 e os 15%, o certo é que Bolsonaro conta com um nível de rejeição – 44% – que deverá ser suficiente para unir a melhor parte dos brasileiros contra o candidato que gosta de se ver a si mesmo como o "Trump tropical".
Até aqui as sondagens indicavam que Bolsonaro iria perder na segunda volta com qualquer dos candidatos, com excepção de Haddad, caso em que se registaria um empate técnico: 38% contra 39%, com vantagem para o petista. Agora, a vantagem inverteu-se e passou a favorecer Bolsonaro. A três semanas das eleições, e com Bolsonaro a merecer a rejeição de 49% do eleitorado feminino, é difícil saber se a democracia brasileira irá continuar a brincar com o fogo, aceitando o discurso machista, xenófobo e de apelo constante à violência de um categórico fascista.