A Rússia tem, não poucas vezes, sido acusada de se intrometer na política interna de outros Estados. Agora, o secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, acusa Moscovo de tentar influenciar o resultado do referendo na Macedónia sobre o acordo alcançado com a Grécia para mudar o nome do pequeno país nos Balcãs para República da Macedónia do Norte.
"Não queremos ver a Rússia a fazer [na Macedónia] o que têm tentado fazer em tantos outros países", afirmou Mattis aos jornalistas que viajavam consigo em direção à capital da Macedónia, Skopje. "Sem dúvidas que transferiram dinheiro e que estão a conduzir uma larga campanha para influenciar [o referendo]", acrescentou o secretário da Defesa.
Por sua vez, Moscovo nega qualquer interferência na política macedónia, à semelhança da sua posição relativamente à influência nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. Em julho, o governo grego, liderado por Alexis Tsipras, expulsou dois diplomatas russos sob a acusação de tentarem influenciar a opinião pública grega sobre o acordo.
O diferendo entre Skpje e Atenas é o principal obstáculo à integração da Macedónia tanto na União Europeia como na NATO. Atenas sempre vetou a adesão da Macedónia a estas duas organizações.
Ainda que o acordo conte com a oposição do presidente macedónio, Gjorge Ivanov, o governo macedónio, liderado por Zoran Zaev, tem mantido uma posição de apoio ao acordo alcançado com o seu homólogo grego. "A República da Macedónia não tem alternativa à integração na NATO e na UE", garantiu hoje o Zaev.
Na última cimeira dos chefes de Estado e de governo dos Estados-membros da Aliança Atlântica, no início de julho, a organização convidou formalmente a Macedónia a juntar-se à NATO, enquanto a União Europeia já adiantou que irá agendar uma data para as negociações para a adesão de Skopje ao projeto europeu.
Os Estados Unidos têm sido um importante aliado da Macedónia desde que esta se tornou independente, em 1991. Por ano, Washington fornece não menos que cinco milhões de dólares em assistência de segurança, perfazendo um total de 750 milhões de dólares desde 1991.
Segundo a Reuters, as sondagens realizadas até ao momento sugerem que a maioria dos macedónios tem uma posição favorável ao acordo encontrado com a Grécia para ultrapassar um diferendo com mais de duas décadas sobre o seu nome, mas não é claro que a participação mínima de 50% para validar o referendo será atingida.
A mudança de nome da Macedónia obriga a alterações na sua Constituição, que, por sua vez, impõe a realização de um referendo.