A jornalista Cecília Carmo enviou uma carta aberta ao ministro da Saúde depois de ter ficado “três horas” à espera que a filha, que tinha sido vítima de um acidente de viação, fosse atendida pelo médico.
“Senhor ministro, sabe quanto tempo esteve a minha filha à espera da primeira observação por um médico? Três (três horas)! Repito: três horas à espera para uma primeira observação com um pré-diagnóstico de traumatismo craniano!”, pode ler-se na carta em que a jornalista explicou o que passou no hospital Santa Maria.
No entanto, Cecília Carmo reforça que a culpa não é do médico que estava “sozinho” no atendimento aos doentes “traumatizados”. “Só estava mesmo um médico a receber e observar todos os doentes traumatizados que iam chegando ao hospital. Escusado será dizer que, sem mãos a medir”, escreve.
“Mas não ficamos por aqui”, acrescenta. Cecília Carmo conta ainda como teve de ser ela a levar uma senhora idosa numa maca para ser observada, por não haver auxiliares no local, deixando a filha.
“Não é digno de ninguém. Nem dos profissionais de saúde, sobre os quais nada tenho a apontar, apenas a elogiar (todos!), nem dos familiares dos doentes (que tudo fazem para agilizar as barreiras que encontram enquanto esperam e desesperam), mas principalmente para os pacientes”, pode ainda ler-se.
Ao ministro, a jornalista deixa um desafio: “Experimente ir a uma urgência, com um familiar seu, sem se identificar (será difícil eu sei, porque o senhor ministro é uma figura pública), mas vá na mesma sem anunciar a sua presença. Talvez não diga tão prontamente que o Serviço Nacional de Saúde está bem”.