Rui Moreira criticou o governo por não avançar com a transferência do Infarmed para o Porto, como tinha sido anunciado há cerca de um ano, e acusa o executivo de António Costa de “sucumbir àquilo que é a máquina do Estado”.
"As explicações estão dadas. O ministro aquilo que disse é que houve uma alteração da política e que vai atirar para uma comissão que, no dia de são nunca à tarde, na semana dos nove dias, é capaz de decidir que o Infarmed vem para o Porto. E, nesse dia, criam uma outra comissão para ver se alguma comissão diz que é mau o Infarmed vir para o Porto", disse esta segunda-feira o presidente da Câmara do Porto em conferência de imprensa.
Para Rui Moreira, garante que “ninguém até hoje, seja o senhor primeiro-ministro, seja o ministro” falaram ou tentaram falar com ele sobre o assunto. “E, portanto, aquilo que eu posso dizer é que considero que este, como aliás já parecia óbvio, é um processo em que o poder político sucumbiu àquilo que é a máquina do Estado e a máquina instalada”, acrescentou.
Este desfecho não surpreende o autarca. “Claro que antevia, porque (…), em primeiro lugar, foi tomada uma decisão, depois foi criada uma comissão para dizer, se calhar, que a decisão estava mal tomada, a seguir apresentam um documento em que 27 peritos, especialistas na matéria, nomeados pelo governo, sem nenhuma intervenção da Câmara do Porto, dizem que vai para o Porto e depois nós não ouvimos mais nada. Compreenderam com certeza que eu, no princípio de setembro, começasse a achar que isto era uma situação anedótica”, criticou o independente.
Rui Moreira chega mesmo a colocar em causa as condições para que o ministro da Saúde mantenha o cargo, uma vez que a decisão de transferir o Infarmed para o Porto foi uma resolução do Conselho de Ministros. No entanto, o autarca não vai pedir mais explicações ao governo. “Tenho a certeza que o Infarmed vai continuar ‘forever and ever’, como diz a música, em Lisboa”.
“É mais um caso de promessa dada, promessa não honrada, mas como nós também não tínhamos pedido nada fica como antes, quartel-general em Lisboa”, rematou o autarca repetindo que não houve conversações com nenhum elemento do governo sobre o assunto.
Em causa estão as declarações do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que disse, na comissão de Saúde, que a transferência do Infarmed deveria ser incluída no processo de descentralização e, por isso, ficaria a aguardar um parecer do grupo de trabalho criado para analisar o processo.