Jair Bolsonaro não gosta do Mercosul, o Mercado Comum do Sul, que considera ter sido “deturpado pelo PT” e pretende criar um bloco na América Latina com governos de direita. Para isso já fez os primeiros contactos com os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, do Chile, Sebastián Piñera, e do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
“Países que buscaram se aproximar, mas foram preteridos por razões ideológicas têm muito a oferecer ao Brasil, em termos de comércio, ciência, tecnologia, inovação, educação e cultura”, refere o plano de governo entregue no Tribunal Superior Eleitoral, citado pela “Folha de São Paulo”. Importante: o documento não faz qualquer referência ao Mercosul no delinear da política externa do Brasil.
Bolsonaro quer uma “aliança liberal” latino-americana e arrefecer as relações com países como a Venezuela, que é membro pleno do Mercosul desde 2012, embora suspensa, e a Bolívia, que é um dos Estados associados da área de comércio livre.
Na semana passada, Bolsonaro falou por telefone com Macri e Abdo Benítez, tendo recebido em sua casa dois senadores chilenos, Jacqueline van Rysselberghe e José Durana, ambos do partido de direita União Democrática Indepente, o mais votado das últimas eleições chilenas.
O candidato ainda não tem nome apontado para o Ministério das Relações Exteriores, mas sabe-se que Bolsonaro prefere nomear um diplomata de carreira para o cargo. O “Correio Braziliense” avançava recentemente que poderia ser Ernesto Fraga Araújo, atual diretor do departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do ministério. O diplomata terá enviado um artigo elogioso de Donald Trump à direção de campanha do deputado do PSL que terá agradado aos principais colaboradores de Bolsonaro e ao próprio candidato, admirador do presidente dos Estados Unidos.
Fraga Araújo garantiu ao jornal que não teve contactos com a direção de campanha e que enviou o seu artigo para vários sítios, mas o texto e os comentários que colocou no seu blog cairam bem no campo bolsonarista. Além de chamar ao PT Partido Terrorista, o diplomata mostra-se apoiante do deputado de direita: “O movimento popular por Bolsonaro não se nutre de ódio, mas de amor e esperança”, escreve, dizendo que quer ajudar o Brasil a “se libertar da ideologia globalista”, “pilotada pelo marxismo cultural”, um “sistema antihumano e anticristão”.