A contestação à primeira-ministra britânica, Theresa May, não é de agora, mas subiu de tom quando termos como “o assassinato está no ar”, “que traga o seu próprio laço corredio” e “está a entrar na zona de morte” foram proferidos por três deputados conservadores sob anonimato num artigo no tabloide britânico “Sun”. Downing Street reagiu afirmando que não devia haver lugar para linguagem “desumanizante ou pejorativa” na política.
Mas a reação mais dura partiu do espetro político oposto, o Partido Trabalhista. A deputada Yvette Cooper apelou aos líderes parlamentares conservadores para identificarem os três deputados que proferiram “linguagem vil e desumanizante” em referência a May. “Ninguém deveria ser sujeito a esse tipo de linguagem violenta, que acho normalizadora da violência num debate público, depois de perdermos Jo Cox [deputada trabalhista assassinada por um militante de extrema-direita], de ameaças a Rosie Cooper [um membro do partido nazi Ação Nacional admitiu ter conspirado para matar a deputada] e de termos outras ameaças violentas contra deputadas”, afirmou Yvette Cooper.
Ontem, a primeira-ministra afirmou na Câmara dos Comuns que “95% do Acordo de Saída [da União Europeia] e dos seus protocolos estão decididos” entre Londres e Bruxelas. “Os contornos do acordo sobre a grande maioria do Acordo de Saída estão agora claros”, garantiu a líder britânica.
Todavia, “um verdadeiro ponto de discórdia” ainda se mantém por resolver com a UE: a forma de garantir que os controlos não voltam à fronteira entre as Irlandas. E reforçou a sua indisponibilidade para aceitar um cenário de fronteira alfandegária no mar da Irlanda, argumentando que Downing Street apresentou uma proposta alternativa para a criação de um território alfandegária temporário entre Londres e Bruxelas, algo que considera ser uma mudança de rumo do seu governo e uma demonstração de vontade em negociar com os seus congéneres europeus. E pediu aos deputados que a apoiassem na meta final das negociações.