Para onde caminha a Oposição?

A posição da atual liderança do PSD não se pode considerar propriamente original

Foi-se consolidando em Portugal a ideia de que fazer oposição é sinónimo de contrariar qualquer tese, medida ou política defendida pela maioria. Independentemente do mérito, da natureza e das circunstâncias que a medida ou a política revelem, se o governo a apresenta, fatalmente o líder da oposição tem apenas o caminho de a combater, de a contraditar e de a contradizer.

Reconduzir o debate e a discussão das políticas públicas à teatral lógica de um combate de pugilismo é, não só, ignorar a seriedade do que está em causa, como contribuir para a profunda descredibilização da política e dos políticos. O exercício histriónico da oposição, tão em voga em Portugal nos últimos 15 anos, anima as claques, mas pouco contribui para a construção da sociedade que ambicionamos alcançar.

O PSD ao longo da sua história, quer no governo, quer liderando a oposição, foi capaz de interpretar o interesse nacional, sem que isso significasse, como clamam taticamente alguns, entregar-se nos braços do bloco central.

Foi, assim, com a viabilização de sucessivos orçamentos durante o período de liderança de Marcelo Rebelo de Sousa. Foi assim com a criação de condições políticas para o cumprimento dos critérios de convergência necessários à nossa adesão ao euro. Foi assim com o acordo que possibilitou a redução do número de deputados na Assembleia da República, como foi assim, em tantas outras ocasiões ao longo da nossa história. Nunca o PSD deixou, na oposição, de afirmar assertivamente as suas posições, mas nunca deixou o PSD de defender intransigentemente o interesse nacional.

Nesse sentido, a posição da atual liderança do PSD não se pode considerar propriamente original. A afirmação da necessidade de se ponderarem de forma refletida as propostas em discussão em cada momento, vem, de resto, na linha da tradição histórica do PSD.

Original, é uma certa radicalização do discurso político dentro do PSD, que parece advogar a ideia de que o PSD tem de dizer ‘não’ só porque o governo ou qualquer outro partido dizem que ‘sim’. O que é uma novidade dentro do PSD, é o apelo a uma reorientação ideológica do partido à direita, parecendo ignorar que o PSD tem de atrair os setores mais dinâmicos da sociedade portuguesa, não se acantonando em categorizações do século passado, que não respondem às necessidades dos cidadãos.

As respostas que mobilizarão a sociedade portuguesa, não se garantem, nem falando alto, nem gerindo agendas mediáticas circunstancialmente, nem muito menos através do desenvolvimento de um diálogo partidário orientado por razões de natureza tática.

Antes, alcança-se ouvindo e mobilizando os portugueses. Apresentando propostas sólidas no domínio da reforma do sistema político e do sistema eleitoral, combatendo a opacidade e a pouca transparência do processo de decisão público. Alcança-se discutindo alternativas que combatam o colapso e falência iminentes do sistema nacional de saúde e do sistema de pensões, que persistentemente coloca em causa a solidariedade que temos de assegurar enquanto comunidade, quer com os mais desfavorecidos, quer com as futuras gerações.

Alcança-se sobrepondo, sempre, o interesse nacional ao interesse partidário.

É esse o ADN do PSD e sempre foi essa bússola que o orientou em nome de Portugal!

 

Pedro Rodrigues, Fundador do Movimento Portugal Não Pode Esperar