O ator Robert de Niro e o antigo vice-presidente de Barack Obama, Joe Biden, receberam pacotes suspeitos semelhantes aos que na quarta-feira Obama, Hillary Clinton, John Brennan, Eric Holder e Maxine Waters, todos destacados políticos democratas, receberam.
De Niro terá recebido o pacote na quarta-feira, mas não foi de imediato recolhido da caixa de correio. “É extremamente perturbador e assustadro. Parece que todos os alvos têm uma coisa em comum, as crenças políticas que têm”, reagiu o porta-voz da estrela de Hollywood, Stan Rosenfield, à CNN. “É a única coisa que posso concluir neste momento”. Já Joe Biden era destinatário não apenas de um pacote, mas de dois com as moradas das suas duas casas, uma em Willington e outra em New Castle, ambas no estado de Delaware. Os investigadores acreditam que os pacotes foram todos colocados no correio no estado da Flórida.
Se na quarta-feira se remeteu ao silêncio, o procurador-geral norte-americano, Jeff Sessions, quebrou-o para “condenar da forma mais possível as ações que levaram a estes atividades”. Sessions referia-se ao debate que surgiu após os primeiros pacotes terem surgido, com o presidente dos EUA, Donald Trump, a ser acusado de incitamento à violência pelo seu discurso de ódio.
Todos os visados nas tentativas de ataque foram, nos últimos dois anos, alvos de ataques de Trump ou posicionaram-se contra ele, como é o caso de De Niro, que gravou um vídeo a chamar “idiota” a Trump, gritou “Fuck, Trump!” na entrega dos prémios Tony e apelou aos norte-americanos para não votarem nele. Ou o da CNN, que tem consecutivamente questionado as declarações do chefe de Estado. Trump acusou o canal de produzir fake news e de ser “inimiga do povo”.
Questionada se Trump iria abandonar o discurso que os seus críticos acusam de ser de “ódio” e “incitamento à violência”, Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca, respondeu que o chefe de Estado “condenou a violência de todas as formas possíveis”, mas que não irá deixar de separar as águas políticas, ou seja, de criticar os democratas de forma veemente. Mas Trump fez mais do que isso: atacou no Twitter os média norte-americanos e responsabilizou-os pelas tentativas de ataque. “Grande parte da raiva que hoje vemos na nossa sociedade é causada pelas notícias falsas e imprecisas dos média mainstream, que refiro como sendo fake news”.
Enquanto comentadores conservadores ensaiavam nas redes sociais a narrativa de tudo não passar de uma conspiração democrata, o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, dizia que os engenhos “são bombas capazes de detonar”, desconhecendo-se ainda as razões para não terem explodido. Mas também é possível que os engenhos não tivessem como objetivo detonar, mas apenas causar o pânico duas semanas antes das eleições intercalares a 6 de novembro. Terrorismo doméstico é a principal linha de investigação das autoridades.
O envio de engenhos com antraz ou explosivos não é novidade nos EUA, aconteceu no país, por exemplo, uma semana depois do 11 de setembro de 2001, causando a morte a cinco pessoas, vítimas de antraz. Nas quase últimas duas décadas, as autoridades implementaram uma série de protocolos para garantir que pacotes suspeitos são impedidos de chegar às mãos de antigos ou atuais governantes.