O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira, terá patrocinado o clube Vitória de Guimarães para que, quando se candidatasse à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, recebesse o apoio do clube em troca.
A notícia, avançada hoje pelo “Jornal de Notícias”, revela que as suspeitas de participação económica em negócio e de falsificação de documentos estão ligadas a este alegado patrocínio – que terá envolvido 100 mil euros.
O patrocínio terá sido celebrado com o clube quando o Guimarães jogou no ano passado contra o Benfica para a final da Taça de Portugal.
Melchior Moreira ter-se-á aproximado do clube de forma a assegurar o apoio do Guimarães, caso decidisse concorrer à presidência da Liga. Mas como? De acordo com informações recolhidas pelo “JN” no Ministério Público (MP) e na Polícia Judiciária (PJ), a ideia do presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal era ficar bem-visto perante o clube.
Para isso, terá acordado com o clube que o principal patrocinador das camisolas do Guimarães, no jogo da final da Taça de Portugal, seria o Turismo do Porto e Norte de Portugal e, em troca, o clube receberia 100 mil euros, escreve o “JN”.
Mas a entidade não conseguia celebrar este contrato por causa do valor indicado. Porquê? Porque no ano passado já tinha feito uma oferta igual, mas a metade do valor oferecido. Para que o patrocínio fosse para a frente, Melchior Moreira terá feito vários outros contratos com o clube – que não estavam relacionados com o patrocínio – ao mesmo tempo que celebrou o contrato das camisolas, que se terá ficado pelos 67 mil euros. Desse modo, o valor de todos os contratos, somado, dava os 100 mil euros inicialmente falados.
Os investigadores acreditam que estes contratos paralelos não tinham qualquer objetivo, servindo apenas como uma farsa para que o valor real do patrocínio não fosse desvendado.
Para além desta ligação com o clube, Melchior Moreira terá viajado para Marselha com o Vitória de Guimarães para assistir a um jogo da Liga Europa. As despesas terão sido pagas pelo clube.
O que está em causa
O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal foi detido no passado dia 18 de outubro pela PJ, juntamente com outros dois dirigentes da entidade e dois empresários, no âmbito da Operação Éter. Em causa estão suspeitas de corrupção, tráfico de influências e participação económica em negócio que já tinham sido reveladas em julho por uma investigação do semanário “Sol”.
Na passada quinta-feira, depois de os visados terem sido ouvidos pelo juiz no TIC do Porto, o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal ficou em prisão preventiva.
De acordo com a Diretoria do Norte da PJ, durante a investigação foi possível confirmar “a existência de um esquema generalizado, mediante a atuação concertada de quadros dirigentes, de viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto com o desiderato de favorecer primacialmente grupos de empresas”.
O alegado esquema visava “favorecer principalmente grupos de empresas, contratação de recursos humanos e utilização de meios públicos com vista à satisfação de interesses de natureza particular”.