O caso de Tancos continua a dar dores de cabeça a muita gente. De acordo com a informação enviada à comissão parlamentar de Defesa, continua a faltar parte do material roubado dos paióis em junho do ano passado e recuperado pela Polícia Judiciária Militar (PJM) quatro meses depois.
A lista faz parte do material enviado pelo Ministério Público à comissão parlamentar, na sequência de um requerimento da iniciativa do CDS-PP. Este pedido foi feito por forma a perceber se a lista do material furtado e do armamento recuperado estava em segredo de justiça, como alegou o antigo chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, para não entregar a informação ao Parlamento.
O documento, citado pela agência Lusa, refere que falta recuperar "1.450 munições de 9mm, um disparador de descompressão, duas granadas de gás lacrimogéneo, uma granada ofensiva, duas granadas ofensivas de corte para instrução, 20 cargas lineares de corte CCD20 e 15 cargas lineares de corte CCD30". Recorde-se que a falta das munições de 9mm já tinha sido confirmada por fonte da PJM, aquando da descoberta do material furtado.
O documento refere também que a PJM deu conta ao Ministério Público de que tinha sido recuperado material “a mais”, tal como tinha sido revelado por Rovisco Duarte, na altura em que as armas foram descobertas, na Chamusca. Em causa estão "136 velas PE4A" (explosivos).
O MP revela no documento que "nada obsta a que seja divulgada" pelos deputados "apenas a informação que consta nas listagens". "Considerando que parte da informação já foi divulgado em meios de comunicação social, com base num acórdão a que alguns jornalistas terão tido acesso, entendemos que neste momento nenhum prejuízo causa à investigação a confirmação dos dados objetivos conhecidos de tais listagens", acrescenta o procurador João de Melo.
A agência Lusa revela ainda que a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou também ao Parlamento outros elementos relacionados com este processo. No entanto, sobre essa informação, a PGR entendeu que "deve ser mantido o segredo de justiça" por quem os consultar. Em causa estarão cópias da participação do furto e das diligências elaboradas pela PJM quanto à recuperação do armamento.
Lista do material furtado elaborada pela PJM:
– 1.450 munições de 9 mm;
– 22 bobines de tropeçar;
– 1 disparador de descompressão;
– 14 disparadores de tração lateral multidimensional inerte;
– 6 granadas de mão de gás lacrimogéneas CS/MOD M7;
– 10 granadas de mão de gás lacrimogéneas CM/Anti-motim — M/968;
– 2 granadas de mão de gás lacrimogéneas Triplex CS;
– 90 granadas de mão ofensivas M321;
– 30 granadas de mão ofensivas M962;
– 30 granadas de mão ofensivas M321 (em corte — para instrução);
– 44 granadas foguete anti-carro, 66 mm, com espoleta M412A1, com lançador M72A3 — M/986 LAW;
– 264 velas PE4A;
– 30 CCDIO;
– 57 CCD20;
– 60 iniciadores IKS;
– 30,5 Lâminas KSL;"
Listagem de material recuperado pela PJM em outubro de 2017
– Granadas de corte (28 unidades);
– Granadas ofensivas (119);
– Granadas de gás lacrimogéneo (16 unidades);
– Rocket HE 66 m anti-tank LAW (44 unidades);
– PE-4A (380 unidades);
– Carga linear de corte CCD20 (37 unidades);
– Carga linear de corte CCDIO (30 unidades);
– Carga linear de corte CCD30 (10 unidades) — valor retificado constando inicialmente a referência a 5 unidades);
– Iniciadores IK (60 unidades);
– Lâmina explosiva KSL (10 unidades + 0,5 unidades);
– Disparador multidirecional (inerte) (14 unidades);
– Bobines de fio (22 unidades);
– Rolo de Cordão detonante (2 rolos);
– Cordão lento (4 rolos);
– Lâminas de KSL (20 unidades).