Agora é oficial: a última final da Taça Libertadores a ser disputada a duas mãos acolherá pela primeira vez o superclássico argentino. Depois de o River Plate ter conseguido a qualificação após uma reviravolta miraculosa (e muito polémica) frente ao Grémio, também o Boca Juniors assegurou um lugar no encontro decisivo ao afastar o Palmeiras, orientado por Luiz Felipe Scolari. À vitória no mítico estádio da Bombonera na primeira mão, por 2-0, com bis do suplente Benedetto, os xeneizes juntaram um empate (2-2) em São Paulo, garantindo assim a primeira final 100 por cento argentina nos 59 anos de história da competição.
O conjunto orientado por Guillermo Barros Schelotto – que desta feita não esteve no banco, devido a castigo –, de resto, não esperou muito para começar a adiantar a festa. Aos 18 minutos, Ramón Ábila respondeu da melhor forma a um cruzamento do colombiano Sebastián Villa e deixou a eliminatória quase decidida – o Palmeiras ficava a precisar de marcar quatro golos para se apurar.
E a verdade é que a equipa do antigo selecionador de Portugal e do Brasil até conseguiu marcar dois golos no espaço de sete minutos na segunda parte – aos dez minutos já tinha feito outro, por intermédio de Deyverson, que em Portugal passou pelo Benfica e pelo Belenenses, mas o tento foi anulado pelo vídeo-árbitro. Luan García, aos 53’, fez o 1-1, e o central paraguaio Gustavo Gómez confirmou a reviravolta aos 60’, de penálti.
Um pesadelo chamado Benedetto Mas havia um trunfo na manga dos argentinos: Benedetto, obviamente. Assim que o Palmeiras fez o 2-1, o avançado de 28 anos saltou do banco, substituindo Ábila, e só precisou de oito minutos em campo para sentenciar a eliminatória em definitivo, com um remate rasteiro de fora da área ao ângulo inferior direito da baliza à guarda do impotente Weverton.
Até ao fim, o Palmeiras ainda procurou pelo menos chegar ao triunfo no encontro, mas a melhor ocasião até pertenceu ao Boca, com Mauro Zárate a atirar ao ferro da baliza brasileira na sequência de um livre direto. Gorava-se assim o sonho de Scolari em vencer a terceira Libertadores da sua carreira, depois dos triunfos em 1995, com o Grémio, e em 1999, precisamente ao comando do Palmeiras. Essa foi, de resto, a única vitória do Verdão em quatro presenças na final, onde não chega desde 2000.
O Boca, por seu lado, conseguiu o apuramento para a sua 11.ª final de uma competição que já venceu por seis ocasiões (1977, 1978, 2000, 2001, 2003 e 2007). No horizonte do colosso argentino está o recorde de sete vitórias detido pelo também argentino Independiente – que já não conquista a prova desde 1984. Neste capítulo particular, a Argentina distancia-se ainda mais dos outros países sul-americanos: esta será a 25.ª vitória para um clube alvi-celeste, contra 18 do Brasil, oito do Uruguai, três de Colômbia e Paraguai e um de Chile e Equador.
Esta será, como já foi referido anteriormente, a primeira final só com equipas argentinas, num feito até agora apenas conseguido pelo Brasil em 2005 (São Paulo-Atlético Paranaense) e 2006 (Internacional-São Paulo). A primeira mão da final disputar-se-á na Bombonera na próxima quarta-feira, dia 7, com o segundo jogo a ter lugar no Monumental, estádio do River Plate, a 24 deste mês. Esta será igualmente a última da história com a final jogada em duas mãos: a partir da próxima temporada, a decisão passa a acontecer num jogo único, a exemplo do que sucede com a Liga dos Campeões europeia.
Antevêem-se assim dois jogos terrivelmente disputados e muito, muito quentes, como sempre acontece quando se defrontam os dois eternos rivais do futebol argentino. Esta época, River e Boca já enfrentaram outra decisão: em março, foram os millonarios a levar a melhor, vencendo a final da Supertaça por 2-0.